Pesquisadores da USP levam universidade para o Guinness com descoberta de lago pré-histórico
Estima-se que o mar antigo tenha tido área equivalente ao território da Argentina.
Recentemente um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) tornou-se membro do “livro dos recordes”, o Guinness World Record. Trata-se de uma pesquisa que gerou a descoberta de um mar antigo do tamanho da Argentina.
O antigo corpo d’água, batizado de Parathetys, tinha impressionantes 2,8 milhões de quilômetros quadrados de extensão, que o faziam comportar 1,8 milhões de metros cúbicos de água salgada.
De acordo com pesquisadores do Instituto Oceanográfico da USP, Parathetys existiu há 11 milhões de anos entre a região que fica a leste dos Alpes suíços, na região central da Europa, e o Cazaquistão, que fica na Ásia.
Mapa: Dan Palcu et al/Scientific Reports
O líder da equipe que descobriu o lago gigante, Dan Valentin Palcu, que é geocientista, destacou que já existia a suspeita de que no local havia um mar chamado Sámatra no passado e que esse lago abrigava criaturas endêmicas daquele ecossistema.
“Durante muito tempo acreditou-se que ali existia um mar pré-histórico, conhecido como Mar Sármata, mas agora temos evidências claras de que durante cerca de 5 milhões de anos este mar tornou-se um lago – isolado do oceano e cheio de animais nunca vistos em outros lugares ao redor do globo”, disse o especialista.
Valentin Palcu e sua equipe receberam a colaboração de cientistas de universidades na Rússia, Holanda, Alemanha e Romênia.
Como era Parathetys?
Pelos fósseis encontrados ao longo do território onde antes ficava o lago, acredita-se que o lugar tinha uma fauna e flora diversificadas e vibrantes.
Além de espécies de plantas aquáticas exóticas, o lugar também abrigou moluscos, crustáceos e peixes de várias espécies, bem como populações da Cetotherium riabinini, uma baleia de três metros de comprimento que é a menor que já existiu.
De acordo com os cientistas que investigam Parathetys há anos, o lago gigante desapareceu devido a crises hídricas e mudanças climáticas periódicas que o afetaram profundamente.
Para se ter ideia, em dado momento uma seca fez o mar Sámatra perder 70% do seu volume de água, tornando os 30% restantes tóxicos e nocivos à vida existente em seu interior.
Hoje em dia, existem imensos corpos d’água na região que têm seu surgimento ligado à Parathetys e podem ajudar a contar a história desse lago pré-histórico.
Dan Valentin Palcu explica que entender como se deu o sumiço do lago pode nos ajudar a prevenir fenômenos que venham a literalmente secar lagos, mares e até oceanos que existem hoje no planeta.
“Além de entender os fenômenos que impactaram a vida do Paratethys, o conhecimento da cronologia e dos impactos desses processos de instabilidades hidrográficas (dessecação do lago e recuperação) nos possibilita prever quando e como esses fenômenos poderiam voltar a acontecer em nossos mares e oceanos”, disse o especialista.
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