Pintura renascentista ‘comprova’ que humanos conviveram com dinossauros; mas, será?

Essa teoria da conspiração vem ganhando força na internet nas últimas semanas.

Rumores que estão circulando pelas redes sociais apontam que uma pintura renascentista de 1532 seria a prova definitiva de que os humanos conviveram com os dinossauros, uma teoria da conspiração que existe há décadas.

Na pintura, postada no perfil “History Unreal”, no Instagram, e creditada a um suposto pintor chamado Peter-Bruce Gale, é possível ver silhuetas do que seriam pessoas montando braquiossauros, os famosos “dinossauros de pescoço comprido”. Veja:

(Imagem: Pieter Bruegel/Domínio Público/History Unreal/Instagram/reprodução)

A gravura original está na primeira seção do quadro. As duas coladas abaixo são recortes de aproximação que permitem conferir os tais “dinossauros montados”.

Essa pintura teria sido criada cerca de 300 anos antes dos primeiros fósseis dos lagartos gigantes terem sido encontrados. Ou seja, a gravura seria uma prova inconteste, já que teria sido confeccionada antes mesmo que as pessoas sequer soubessem o que é um dinossauro.

Contudo, de forma já esperada, é muito provável que essa pintura seja uma farsa, pois não há qualquer comprovação de que humanos tenham coexistido com os dinossauros. Muito pelo contrário, há inúmeras evidências de que os grandes répteis estiveram aqui antes do surgimento da nossa espécie.

Qual é a origem dessa pintura, então?

De acordo com especialistas que analisaram a pintura, ela é real e foi de fato criada em 1532. Porém, não representa dinossauros nem é obra do tal Peter-Bruce Gale. Na verdade, a gravura foi criada por um pintor chamado Pieter Bruegel, que era famoso por ilustrar passagens bíblicas.

Inclusive, a pintura em questão é uma representação da batalha entre o exército de Saul, primeiro rei de Israel, e um destacamento filisteu. No texto bíblico é relatado que Saul perde a batalha e, após ver seus filhos sendo massacrados, tira a própria vida.

Quanto às pessoas vistas supostamente montando braquiossauros, a explicação é que Bruegel tentou ilustrar camelos, animais aos quais só conhecia através de relatos orais de outras pessoas. Na história bíblica envolvendo Saul, os camelos são citados como meio de transporte para os soldados do rei.

Apesar de ser um homem culto, Pieter Bruegel provavelmente nunca viajou para o Oriente Médio, tendo, portanto, pouco conhecimento sobre os animais originários da região e os costumes dos povos que lá habitavam em sua época.

Esse não é um caso isolado

A história é repleta de relatos cômicos e até bizarros de animais, feitos por pintores, escritores e oradores da antiguidade. Um bom exemplo são as histórias sobre a Manticora, uma criatura lendária descrita por viajantes da Europa e do Oriente Médio que visitaram o subcontinente indiano. Hoje em dia, as descrições do monstro batem quase completamente com as características de um tigre.

Outras boas histórias de criaturas míticas que são apenas animais comuns vistos pela primeira vez, são os relatos de pavor dos Astecas ao verem os cavalos dos espanhóis e as engraçadas histórias envolvendo encontros com elefantes, que seriam “demônios da floresta”, segundo pessoas que visitaram África e Ásia no passado.

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