Por que apontar para algo não funciona com cães?
A pesquisa focou na capacidade que alguns animais têm de rastrear objetos, enquanto outros parecem não entender certos comandos.
Você já parou para observar que alguns cães parecem ter uma percepção melhor que outros? Um estudo publicado pela revista Ethology no último dia 18 de novembro discorreu sobre esse fato.
Na amostragem, os pesquisadores estudaram por quais motivos algumas raças de cães conseguem encontrar bolinhas, discos e outros objetos com maior facilidade, enquanto outros parecem não entender quando devem ir buscar algo.
(Imagem: divulgação)
O conceito de “viés espacial”, a cerne do estudo
Resumidamente, o chamado “viés espacial” é o que conceitualiza a percepção de determinado objeto em relação a espaço, localização e distância. Então, a relação de cães com bolinhas e discos, por exemplo, pode ser analisada por esse espectro.
No estudo, os pesquisadores compararam como crianças e cães interpretam comandos para buscarem objetos. De forma não tão surpreendente, ficou claro que ao receber um comando as crianças focam imediatamente no objeto, não no comando, o que as ajuda a achá-lo.
Por outro lado, os cães costumam se apegar ao gesto feito pelo tutor, e não ao objeto. Contudo, isso não é uma regra. Algumas raças “mais inteligentes” têm um comportamento mais assemelhado ao das crianças.
Ao comportamento dos cães, os cientistas deram o nome de “preconceito espacial”. Ivaylo Iotchev, um dos coautores do estudo, explicou melhor essa correlação.
“Desde muito cedo, as crianças interpretam o gesto como apontar para o objeto, enquanto os cães interpretam o gesto como uma dica direcional. Em outras palavras, independentemente da intenção da pessoa que dá a deixa, o significado para crianças e cães é diferente”, disse ele.
Mais detalhes do estudo
Num experimento auxiliar, os pesquisadores selecionaram 82 cães de tamanhos, raças e pesos diferentes, usando petiscos em vez de objetos variados e brinquedos.
Sem segredos, os cientistas colocaram petiscos em pratos e mediram em quantos segundos cada animal se atentou à guloseima e a abocanhou.
Mesmo que sutis, os resultados dos testes foram capazes de apontar quais raças tinham um preconceito espacial mais apurado, demonstrando melhor cognição.
Levantamentos como esses ajudam os cientistas a entender como os cérebros dos cães vêm evoluindo ao longo do tempo.
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