Por que os inseticidas não funcionam mais contra baratas?
Baratas evoluem e tornam os inseticidas tradicionais ineficazes, desafiando cientistas.
É oficial: as baratas estão se tornando cada vez mais resistentes a inseticidas tradicionais. Tal constatação foi feita por diversos estudos recentes, que confirmam o que muitos já suspeitavam: o uso crescente de produtos químicos em nossas casas tem levado à evolução dos insetos, tornando-os quase indestrutíveis.
Uma dessas pesquisas conduzida por cientistas americanos, publicada no Journal of Economic Entomology, mostrou que as baratas-alemãs (Blattella germanica) desenvolveram uma impressionante resistência a alguns dos inseticidas mais comuns, como os piretroides, muito utilizados em residências.
Pesquisa faz um alerta em relação à resistência das baratas
Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Kentucky e da Universidade de Auburn testou a eficácia dos inseticidas à base de piretroides, bastante comuns em aerossóis domésticos.
Durante os experimentos, cientistas expuseram populações de baratas a superfícies tratadas com esses produtos e observaram resultados preocupantes: após 30 minutos de contato, apenas 20% dos insetos morreram.
Quando o tempo de exposição foi ampliado, o resultado melhorou, mas, mesmo assim, em alguns casos, os inseticidas levaram até cinco dias para eliminar toda a população.
A resistência crescente, observada principalmente em ambientes urbanos, como apartamentos, destaca a necessidade de buscar novas formas de controle.
Estudos adicionais apontam que, mesmo com o emprego de diferentes combinações de produtos químicos, os resultados são limitados.
Em uma das fases do experimento, os pesquisadores utilizaram três inseticidas diferentes, em ciclos de três meses, mas a população de baratas se manteve praticamente inalterada.
Ao serem expostas por 30 minutos, apenas 20% dos insetos morreram – Imagem: Reprodução
Por que as baratas estão mais fortes?
A principal razão para o fortalecimento das baratas é sua rápida capacidade de adaptação. Esses insetos possuem um ciclo de vida curto, em torno de 100 dias, o que facilita a transmissão de genes resistentes entre gerações.
Isso significa que, quando apenas algumas baratas sobrevivem à aplicação de inseticidas, elas são capazes de gerar descendentes ainda mais resistentes. Tal evolução acelerada torna o controle químico menos eficaz com o tempo.
Além disso, estudos realizados pelo entomologista Zachary DeVries, da Universidade de Kentucky, demonstram que as baratas-alemãs tendem a evitar superfícies tratadas com inseticidas.
Ou seja, mesmo quando expostas ao produto, elas não permanecem em contato por tempo suficiente para que a substância seja eficaz.
Isso reduz ainda mais a capacidade dos piretroides de atuar como controle residual em ambientes domésticos.
O impacto e as alternativas
Essa resistência não se limita aos Estados Unidos. Os estudos indicam que as baratas-alemãs estão universalmente resistentes a produtos como os piretroides.
O uso de inseticidas comuns, quando não controlado por especialistas em pragas, acaba sendo ineficaz, permitindo que as infestações continuem aumentando o risco para a saúde pública.
As baratas são conhecidas por disseminarem alérgenos que podem desencadear asma e outras condições respiratórias, especialmente em crianças.
Diante desse cenário, os cientistas recomendam uma mudança no método de combate. A alternativa mais promissora, segundo os pesquisadores, é a implementação do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que vai além do uso de produtos químicos.
Essa medida envolve a utilização de armadilhas, eliminação de resíduos, limpeza frequente das superfícies e até mesmo a aspiração das baratas. Apenas a combinação de técnicas será eficaz para controlar a proliferação desses insetos.
*Com informações de IGN e Science.
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