Porque cabelos e unhas permanecem intactos mesmo após a morte?
Tal como as múmias, os cabelos e as unhas são partes do corpo humano que não se decompõem com facilidade. Qual é o mistério envolvido nisso?
A morte, muitas vezes, é vista como um processo implacável, capaz de transformar a matéria orgânica em mera memória.
No entanto, há casos que desafiam essa noção, como o notável exemplo de Salvador Dalí, cujo icônico bigode permaneceu intocado 28 anos após o seu falecimento.
Como é possível que elementos como cabelos e unhas superem até mesmo à morte? Em parte, reside na natureza dessas estruturas, compostas de queratina, um componente notoriamente resistente.
Ela está presente em cabelos e unhas e confere-lhes uma durabilidade surpreendente, tornando tais elementos os últimos vestígios a se renderem ao tempo após o enterro.
O mistério que envolve múmias, unhas e cabelos
Ricardo Romiti, especialista do departamento de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, esclarece que tanto as unhas quanto os cabelos não são considerados tecidos vivos do corpo humano.
Essas estruturas são predominantemente compostas de queratina e contêm quantidades mínimas de água em sua composição, características que contribuem significativamente para a notável resistência à degradação natural.
O processo de decomposição, como exemplificado pelas múmias, pode se estender por décadas ou até mesmo séculos.
Contudo, é importante observar que a durabilidade dessas estruturas após o óbito pode variar dependendo das circunstâncias em que o corpo é descartado.
A degradação das unhas e dos cabelos é influenciada diretamente pelo ambiente onde o cadáver foi colocado, como explica Ricardo Romiti.
(Imagem: divulgação)
Ter contato direto com o solo ou com a água tende a acelerar significativamente esse processo, uma vez que tais ambientes propiciam condições favoráveis à proliferação de fungos e bactérias que se alimentam da queratina, principal componente de unhas e cabelos.
Portanto, quanto mais isolado o cadáver estiver, maior será o tempo de sobrevivência das unhas e dos cabelos depois do falecimento.
Romiti também observa que a quantidade de água presente nos órgãos desempenha um papel crucial na rapidez da degradação pós-morte.
Órgãos ricos em água, como o sistema circulatório, são os primeiros a sofrer com a decomposição, enquanto o coração, os pulmões e o intestino também figuram entre os primeiros a se decomporem.
O entendimento dos fatores ambientais e biológicos que afetam a decomposição ajuda a esclarecer por que algumas partes do corpo, como unhas e cabelos, podem persistir por mais tempo.
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