Quais segredos envolvem a ‘múmia que grita’? Mistérios já foram resolvidos?

Essa é uma das mais intrigantes múmias já encontradas no Egito.

Imagine-se como um arqueólogo explorador de tumbas egípcias. Em um dia comum, você abre um novo túmulo e comemora mais uma descoberta quando, do nada, se depara com uma múmia que parece estar gritando.

Passado o susto inicial, a reação de qualquer um de nós seria se perguntar o motivo pelo qual aquele corpo mumificado congelado naquela expressão incomum.

Dentre as centenas de múmias já descobertas no Egito, há uma justamente nessas condições. Trata-se do corpo de uma mulher encontrado em uma tumba nobre datada do período da 18ª dinastia, durante o reinado da rainha Hatshepsut.

Quem era essa mulher, afinal?

Até o momento, não foi possível descobrir a identidade da ‘múmia que grita’. Vale destacar que existe outra múmia chamada por esse apelido, mas se trata do corpo de um homem conhecido oficialmente como ‘Homem Desconhecido E’, e não da múmia que estamos falando neste texto.

A tumba na qual a múmia em questão foi encontrada pertencia a um arquiteto real chamado Semnut, que possivelmente trabalhava na corte de Hatshepsut.

Por ser um nobre, o homem foi enterrado com todas as pompas e teve direito a reservar locais de descanso para pessoas da sua família, o que inclui a múmia que grita. Porém, não se sabe o grau de parentesco entre eles.

Outro destaque importante a ser feito sobre a múmia é que ela também foi enterrada com adornos especiais, como roupas caras para a época e embalsamada com materiais caros.

Múmia que grita – Imagem: Sahar Saleem/reprodução

E por que ela ‘grita’?

Quando a ‘múmia que grita’ foi encontrada na tumba de Semnut, em 1935, especulava-se que a expressão de agonia da mulher teria sido causada por um erro no processo de mumificação. Porém, com o passar do tempo, essa teoria foi descartada.

Análises mais recentes do corpo, como aquelas feitas pelo radiologista Sahar Saleem, da Universidade do Cairo, e pela antropóloga Samia El-Merghani, do Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito apontam que o ‘grito’ foi estabelecido após o falecimento da mulher.

Resumidamente, tudo leva a crer que espasmos nos músculos da face dessa mulher ocorridos após a sua morte foram os responsáveis por criar a expressão chocante que a destaca das demais múmias.

Para chegar a essa conclusão, El-Merghani e Saleem analisaram principalmente material genético coletado do corpo, além de imagens radiográficas e tomografias computadorizadas.


Corpo pode ter tido espasmos na face, mesmo após o processo de mumificação – Imagem: Saleem & El-Merghani/reprodução

Outras descobertas

Além da possível causa para o suposto grito da múmia, os pesquisadores puderam determinar mais alguns detalhes a partir dos exames feitos no cadáver preservado.

Constatou-se que a mulher tinha 1,54 m de altura e 48 anos quando morreu. Ela também ainda tinha diversos órgãos, como cérebro, rins, baço, coração, pulmões e intestinos, algo incomum, visto que praticamente todos os órgãos eram removidos no processo de mumificação.

Antes mesmo de analisar o corpo da mulher mais a fundo, os especialistas que a examinaram puderam notar muito luxo em seu enterro, como adornos em ouro e pedras preciosas, além de uma peruca de fibras de palmeira, itens que eram caríssimos no antigo Egito.

Muito cuidado e atenção aos detalhes

Outra informação que ficou bastante clara na avaliação da ‘múmia que grita’ é o cuidado que foi empregado durante seus últimos momentos sobre a terra.

Ou seja, realmente não teria como ela ter sofrido a ponto de morrer gritando ou mesmo ter a boca aberta acidentalmente durante a mumificação.

Dessa forma, a teoria sobre os espasmos musculares permanece a mais correta. Entretanto, a verdade é que esse corpo segue como um dos maiores mistérios do antigo Egito, mistério esse que provavelmente nunca será elucidado de fato.

*Com informações do ScienceAlert.

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