Quem trabalha 'no pesado' tem mais chance de ter demência, diz estudo

7 mil idosos com idades a partir de 70 anos foram acompanhados pelos pesquisadores.

A demência, doença que afeta milhões de pessoas no mundo, tem sido alvo de diversas pesquisas científicas que, por sua vez, se tornam base para a implementação de importantes políticas públicas de saúde.

Um estudo recente, publicado na renomada revista The Lancet, trouxe à tona uma nova perspectiva sobre os fatores de risco para tal condição: as profissões.

Ao analisar dados de mais de 7 mil idosos noruegueses, os pesquisadores identificaram uma associação entre o tipo de trabalho exercido e o desenvolvimento de demência.

Detalhes do estudo

A pesquisa foi realizada em parceria pelo Centro Norueguês de Envelhecimento e Saúde e o Centro de Envelhecimento Butler Columbia, duas entidades especializadas no estudo e na promoção da qualidade de vida para idosos.

O levantamento revelou que indivíduos que exercem atividades que demandam grande esforço físico, como levantar peso, se esforçar fisicamente e realizar movimentos repetitivos, apresentam um risco significativamente maior de desenvolver demência.

Dentre outras, as profissões que mais se destacaram neste estudo foram:

  • Vendedores: seja no varejo ou em outros setores, profissionais que atuam com vendas e precisam ficar longas horas em pé ou em movimento constante estão mais suscetíveis;

  • Auxiliares de enfermagem: a rotina intensa e o contato constante com pacientes podem sobrecarregar o corpo e a mente desses profissionais;

  • Agricultores e pecuaristas: trabalhos rurais, que exigem força física e exposição a elementos naturais, também foram associados a um maior risco.


Trabalhos que demandam mais fisicamente tendem a gerar mais predisposição à demência – Imagem: reprodução

Relação entre ofícios ‘pesados’ e demência

Ainda não se sabe ao certo o mecanismo exato que liga o trabalho físico intenso ao desenvolvimento de demência.

No entanto, os pesquisadores acreditam que o desgaste físico constante pode levar a inflamações crônicas no organismo, afetando o cérebro e aumentando o risco de doenças neurodegenerativas.

Por outro lado, determinadas profissões estão relacionadas a menores índices de estímulo cognitivo, com foco unicamente no trabalho braçal. Essa falta de “ginástica cerebral” seria outro fator de risco para o desenvolvimento da demência.

O que fazer a respeito?

É importante ressaltar que o estudo não sacramenta que todas as pessoas que exercem profissões como as citadas desenvolverão demência. Inclusive, mais estudos como esse devem ser feitos para confirmar ou questionar os resultados atuais.

Contudo, tais resultados servem como um alerta para a importância de cuidar da saúde, especialmente à medida que envelhecemos. Algumas medidas podem ajudar a reduzir esse risco, como:

  • Pratique atividade física regular, mas de forma moderada e adequada para cada indivíduo;

  • Mantenha uma alimentação saudável e rica em frutas, legumes e grãos integrais pode ajudar a proteger o cérebro;

  • Busque atividades relaxantes para controlar o estresse (como jardinagem ou pintura), procurando ajuda profissional se necessário;

  • Pratique atividades que estimulem o cérebro, como a leitura;

  • Consulte seu médico para acompanhar sua saúde e identificar qualquer problema precocemente.

Tal pesquisa reforça a importância de considerar os fatores ocupacionais na prevenção da demência.

Uma vez identificadas as profissões que apresentam maior risco, é possível desenvolver estratégias para proteger a saúde dos trabalhadores e promover um envelhecimento mais saudável.

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