A questão Palestina

A questão palestina é um termo utilizado para designar a luta do povo palestino pela constituição e retomada de seu território, configurando o status de um nação sem uma pátria estabelecida e sem um Estado territorial definido. Depois de dezenas de anos de conflitos envolvendo árabes e judeus na região, localizada no Oriente Médio, os palestinos ocupam territórios na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, mas sem a expectativa de paz e de criação de seu domínio territorial em a curto prazo.

Para entender o porquê de tantos conflitos na região da palestina e os motivos que levaram a tantas vítimas e refugiados, é preciso compreender o contexto em torno da criação do Estado de Israel, que aconteceu no ano de 1948.

Originalmente, a região da Palestina era habitada pelos judeus, que consideravam essa a sua Terra Prometida, um local sagrado portanto. Com o tempo, os judeus foram expulsos de suas terras que foi ocupada pela Império Romano, sendo mais tarde habitada pelos povos ditos palestinos, estes assumindo a religião Islâmica por volta do século VII d.C. Nesse sentido, ao final do século XIX e, principalmente, no decorrer do século XX, os judeus, espalhados pelo mundo, manifestaram o seu forte desejo de retomar a sua terra sagrada, dando segmento a um movimento chamado de sionismo, que buscava atender a esse objetivo.

Consequentemente, com a pressão internacional gerada pelo atendimento da causa dos judeus, bem como a grande opressão sofrida por eles durante o regime nazista na Alemanha, a ONU (Organização das Nações Unidas) elaborou, no ano de 1947, um plano de partilha da palestina, de forma que esse território seria dividido de forma quase igualitária entre judeus e árabes. Jerusalém, cidade considerada sagrada para os dois povos, ficaria sobre uma jurisdição internacional e administrava pela própria ONU.

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Os árabes, tanto na palestina quanto dos demais países circundantes no Oriente Médio, não aceitaram esse acordo que, por isso, jamais foi colocado em prática. Com a reação dos países árabes (Egito, Jordânia, Líbano e Síria), formou-se a Primeira Guerra Árabe-Israelense em 1948, que teve como resultado a total perda dos palestinos de seu território. Assim, o então recém-criado Estado de Israel – que contou com o apoio dos Estados Unidos – ficou com o domínio da Galileia, do Deserto de Neguev e da Cisjordânia; a Faixa de Gaza ficou de posse do Egito e a cidade de Jerusalém ficou dividida entre Israel e Jordânia. Esse último país também ficou com o controle da porção oeste da Cirsjordânia.

Em 1967 houve um dos episódios mais emblemáticos sobre a diferença do poder bélico do estado judeu em relação aos seus rivais no Oriente Médio. Em um conflito que durou apenas seis dias – e, por isso, recebeu o nome de Guerra dos Seis Dias –, Israel anexou para si as Colina de Golã da Síria, a Península de Sinai e a Faixa de Gaza do Egito, além da Cisjordânia que pertencia à Jordânia.

Mais tarde, no ano de 1973, a coalização formada pelos países árabes iniciou uma reação à Guerra dos Seis Dias, chamada de Guerra do Yom Kippur (nome de um feriado local referente ao “Dia do Perdão”). Apesar da vitória em algumas batalhas no início desse conflito, os árabes foram gradativamente perderam suas forças e foram obrigados a recuar três semanas depois do início da guerra. Desse modo, Israel conseguia a sua segunda vitória e mantinha sob o seu domínio os territórios conseguidos durante a Guerra dos Seis Dias.

AS ORGANIZAÇÕES PALESTINAS DE COMBATE AOS JUDEUS

Durante esse contexto, várias foram as frentes de batalha por parte dos palestinos que tentavam reaver o seu território e, em alguns casos, a destruição do Estado de Israel, com o fim da ocupação dos judeus na Palestina. A primeira delas foi a Al Fatah, em 1959, um grupo liderado por Yasser Arafat (1929-2004), um dos principais líderes da frente de resistência do povo palestino. O Al Fatah ainda existe nos dias atuais e é considerada uma organização laica.

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Uma outra organização criada nesse contexto foi a Organização para Libertação da Palestina (OLP), em 1964. Essa organização foi, no ano de 1970, reconhecida pela ONU como a única frente legítima de negociação no conflito por parte dos palestinos, sendo presidida por Arafat que, a partir de 1987, deixou de utilizar atos extremistas e terroristas como método de combate e pressão por suas reivindicações.

No entanto, nesse mesmo ano de 1987, foi fundado o Hamas, um grupo militar que, ainda hoje, é considerado como terrorista por parte de muitos países. Esse grupo é formado por um partido político, uma frente armada e uma instituição filantrópica de apoio à causa palestina. Atualmente, a principal diferença entre o Hamas e o Fatah, é que o primeiro não reconhece oficialmente a existência do Estado de Israel, sendo, portanto, mais extremista.

OS ACORDOS E AS TENTATIVAS DE PAZ NA REGIÃO

Ao longo do tempo, vários acordos internacionais e tentativas de paz foram estabelecidas na região, algumas delas responsável pela completa mudança nos mapas de Israel e da região da Palestina. O primeiro desses grandes acordos, após os acontecimentos da Guerra dos Seis Dias e da Guerra do Yom Kippur, foi o Acordo de Camp David, em que os Estados Unidos mediou uma negociação que fez com que Israel devolvesse a Península do Sinai ao Egito, que, na ocasião, foi considera um “traidor” pelos demais países árabes.

Mais tarde, no ano de 1988, a OLP, sob o comando do então moderado Yasser Arafat, elaborou um plano de paz em que, pela primeira vez desde então, se reconhecia oficialmente o Estado de Israel, algo que o Hamas jamais aceitou. Com isso, em 1993, a OLP – novamente com a mediação dos EUA – realizou um acordo com Israel, chamado de Acordo de Oslo, onde foram devolvidas aos palestinos a Faixa de Gaza e alguns territórios na Cisjordânia. Com isso, foi fundada a ANP (Autoridade Nacional Palestina), então comandada pelo Fatah de Arafat e responsável por administrar os territórios autônomos palestinos que, no entanto, ainda não constituíram um Estado.

Ocupação da Palestina por Israel
Ocupação da Palestina por Israel

Em 2004, Yasser Arafat morre em uma ocasião que, na visão de muitos, foi considerada como um suposto envenenamento nunca provado, que teria sido feito pelos rebeldes palestinos que não aceitaram a postura moderada do líder da ANP. Em sua substituição, assumiu a entidade em eleições democráticas, Mahmoud Abbas.

Em 2006, para elevar a tensão na região que ainda sofre muito com os atentados terroristas e as pesadas respostas do governo de Israel, o Hamas conseguiu, pela via democrática, o controle da região da Faixa de Gaza, em um processo que não foi reconhecido por Israel. Não obstante, ainda hoje as tensões e conflitos nesse região são bastante latentes.

O Estado de Israel, no entanto, vem procurando retirar os colonos judeus de alguns áreas que, agora, fazem parte dos territórios autônomos da Palestina, sendo essa já reconhecida como Estado por parte de inúmeros países, mas ainda sem o seu estabelecimento oficial pela ONU. No entanto, desde 2002 que o governo israelense vem construindo um muro na fronteira com algumas regiões da Cirsjordânia, sob a alegação de defender o seu território de ataques terroristas do Hamas. Esse muro, que ainda não foi concluído, recebe inúmeras críticas em todo mundo, além de acusações de legitimar a ocupação de Israel sob áreas que deveriam estar de posse dos Palestinos, incluindo nascentes de rios e áreas de colonos árabes.

Ainda hoje, as negociações de paz não estão muito bem delineadas e os frequentes atentados por parte dos dois lados parecem deixar claro que dificilmente a região conhecerá o fim das batalhas.

Por Rodolfo F. Alves Pena
Mestre em Geografia

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