Relatório aponta profissionais da geração Z são ‘incômodo’ para 68% dos colegas mais velhos
Os principais motivos são diferenças geracionais e visões de mundo divergentes.
Em mais um demonstrativo dos desafios enfrentados e impostos pela geração Z (nascidos entre 1996 e 2010), um relatório feito pelo Ecossistema Great People & GPTW, chamado “Tendências de Gestão de Pessoas”, destacou um dado importante no que diz respeito às relações profissionais desse grupo.
De acordo com a amostragem, cerca de 68% dos trabalhadores de gerações anteriores afirmam ter problemas de relacionamento com seus pares da geração Z.
Ao que parece, indivíduos de gerações como Millennials e Baby Boomers se referem aos “gen Zrs” como pouco comprometidos e impacientes, além de um tanto quanto insubordinados.
Porém, conforme expressou a Diretora de Conteúdo e RI do Ecossistema Great People & GPTW, que é porta-voz da pesquisa, Daniela Diniz, esses conflitos são baseados apenas em diferenças geracionais, com os profissionais mais velhos se sentindo mais preparados que os mais novos.
Segundo ela, há anos atrás, quando os Millennials (também chamados de geração Y) entraram no mercado de trabalho, eram igualmente taxados de insubordinados, entre outros adjetivos que hoje são lançados às pessoas da geração Z.
“Ela [a geração Y] era tachada de insubordinada, infiel, mimada e descomprometida. Quando ouço e leio hoje tudo que se fala da Geração Z é como um déjà-vu. O fato é que toda geração que entra no mercado de trabalho vai causar um certo barulho”, destaca.
Hoje em dia, no entanto, os Millennials são vistos como trabalhadores comprometidos e versáteis, por unirem força e vitalidade a uma certa experiência de quem presenciou os avanços das tecnologias mais populares da atualidade e as transformações do mercado como um todo.
As preocupações da geração Z
O referido relatório também destaca algumas das inseguranças dos profissionais da geração Z em relação aos ambientes profissionais onde atuam.
Como exemplo, o demonstrativo apontou que 96% dos trabalhadores dessa geração acreditam que as empresas devem investir na saúde mental dos seus colaboradores. Em contrapartida, apenas 47% das empresas analisadas têm comprovadamente investido nessa área.
“Desde o início da pandemia, os casos de ansiedade, depressão, burnout e outras questões mentais passaram a aumentar muito. E isso afetou mais gravemente as gerações mais jovens; os mais velhos já haviam vivido outras crises e problemas e puderam se superar melhor. Com isso, a saúde mental vem sendo também um fator de saída das pessoas das empresas”, comentaram os responsáveis pelo relatório.
Para além das questões relacionadas à saúde mental, a geração Z tem se mostrado bem mais idealista e convicta de princípios que por vezes são negligenciados pelas empresas onde trabalham.
Algumas posturas das organizações em temas sociais sensíveis e também questões relacionadas à relação carga horária e remuneração são mais dois pontos que têm levado profissionais nascidos entre 1996 e 2010 repensarem suas ocupações, diminuído esforços e questionando ordens recebidas.
“Os profissionais mais jovens são entendidos como difíceis porque colocam seus princípios pessoais como muito importantes, e não querem se submeter ao que já é praticado pelas empresas, como sua cultura organizacional, trabalho com sobrecarga e pressão, hierarquia, entre outros elementos”, dizem os especialistas.
O que fazer, então?
Em suas considerações finais, os autores do relatório do Ecossistema Great People & GPTW apontam que a saída para os conflitos profissionais entre a geração Z e suas antecessoras é o diálogo.
Esse diálogo pode aproximar as gerações uma das outras e criar um ambiente em que as diferenças possam ser expostas de forma mais clara e solidária.
Se por um lado os anseios da geração Z precisam ser escutados, a experiência e o apreço por normas e disciplina vistos nas gerações anteriores devem ser respeitados como componentes de um ponto de vista próprio, que de fato são.
Com a quebra de barreiras e a formação de um ambiente profissional verdadeiramente democrático, as empresas tendem a ganhar muito mais.
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