Repórter Caco Barcellos fala sobre sua carreira e política

O jornalista, que é muito conhecido entre os telespectadores, tem quase 50 anos de carreira, sendo 16 à frente do "Profissão Repórter".

Caco Barcellos é um nome muito conhecido entre os telespectadores. Com quase 50 anos de carreira, sendo 16 destes no comando do programa “Profissão Repórter”, o jornalista contou um pouco sobre sua jornada até aqui, os desafios da profissão e o prazer de ainda trabalhar com o que ama prestes a completar 72 anos.

Trabalho

“Eu quero trabalhar até o último dia da minha vida, acreditando que nosso trabalho, por mais singelo que seja, tenha relevância relativa”, disse em entrevista ao Jornal Extra. Caco afirma também que o trabalho de jornalista sempre irá existir, e que sempre existirá uma vida atrás das câmeras.

O Profissão Repórter há anos mostra a realidade da rotina de jornalistas, que enfrentam muitos desafios nas ruas, e Caco sempre esteve à frente disso, comandando sua equipe por comunidades, entrando em contato com o povo e mostrando a dura realidade dos menos favorecidos. “Estou sempre cercado de muita gente, sou sensível ao carinho das pessoas. Nas comunidades, o povo grita: ‘Já vem o cara de cabelo branco que gosta de entrar na nossa casa’. Fico encantado com a confiança que as pessoas têm na gente”, comenta.

Segundo Caco, fazer um jornal mais aprofundado é algo diferente do que costumamos ver hoje em dia, na era da informação rápida, e que por isso eles ainda tem muito espaço na TV. O jornalista diz ainda que comemora a cada semana a oportunidade de fazer jornal para tanta gente.

Ao ser perguntado sobre o medo de exercer a profissão, Barcellos destaca que atualmente, com a grande polarização e o negacionismo cada vez mais crescente no país, a classe tem sofrido muitos ataques. “Há uns grupos de milicianos aí tentando impedir a gente, grupos armados… Mas a gente tem que estar lá! Existe o risco, mas a gente tem que desviar e ir lá, protegendo nossa equipe”. Contudo, segundo ele, ao fazer matérias entre os mais pobres, ou em lugares que são considerados mais perigosos, ele e sua equipe são sempre tratados com muito respeito, e que sente que as pessoas querem a presença deles por lá.

Política e Violência

Caco já percorreu um grande caminho na vida e na profissão: já passou pela ditadura, pela promessa de paz com o fim dela e agora vive um cenário de violência no país. Ele comentou sobre a violência policial, que a segurança do país sempre foi feita por meio de violência extrema. “Estão desde 1970 matando gente todo dia. Se fosse verdade que essa política de confronto é eficiente, Rio e São Paulo seriam um paraíso”, diz ele sobre o assunto.

O jornalista também comentou o caso de Moïse, o jovem congolês morto a pauladas em um quiosque na Barra da Tijuca recentemente. “Tanto a brutalidade das pauladas no jovem do Congo me impressionou quanto a quantidade de pessoas que assistiram e nada fizeram. Por que ninguém gritou ‘parem com isso’? Dez pessoas são mais que três pessoas. Como é que não tem gente na sociedade gritando ‘chega’?”

Vida

Ao ser questionado sobre contar histórias tristes, Caco diz que consegue segurar o choro em situações difíceis, mas que em casa ele se permite chorar. “Tenho vergonha, essa coisa babaca de que macho não pode chorar. Isso está impregnado de alguma forma”.

Caco afirmou que não fez um balanço da sua magnífica carreira dentro do jornalismo, nem tem planos para um futuro distante, apenas garante que sua saúde vai muito bem. “De acordo com o último exame que fiz, minha idade metabólica é de 53 anos. Leio muito, até bula de remédio. E também pratico esportes, jogo futebol. Nem falamos mais de idade, falamos de energia”. Ao mesmo tempo, o jornalista lamenta um dia ter que partir e deixar de ver a evolução do planeta e sociedade.

Desejamos ao repórter – que faz aniversário no mês que vem – muitos anos pela frente, para continuar levando informações com muita responsabilidade para a casa dos brasileiros.

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