Revolução Mexicana (1910)

A Revolução Mexicana de 1910 foi um dos movimentos armados mais importantes na reestruturação do governo e combate às opressões dos líderes ditatoriais.

A Revolução Mexicana foi um movimento armado de resistência ocorrida no México no ano de 1910. Foi inicialmente liderada por Francisco I. Madero em oposição ao general autocrata Porfírio Diaz. 

Considerada como uma das primeiras grandes revoluções do século XX, participam do movimento dissidentes do governo, camponeses e indígenas. 

A insurreição foi caracterizada por ideologias de caráter liberal, socialista e anarquista. Os grupos lutavam pela reforma agrária caracterizada pela distribuição de terra, pela nacionalização das empresas multinacionais e por uma regeneração da política nacional. 

Contexto histórico e antecedentes da Revolução Mexicana

Durante 30 anos (entre 1876 a 1911), o México passou por um longa fase ditatorial, sob o comando do líder e militar Porfírio Diaz. 

Conhecida como “ditadura porfirista”, esse período da história mexicana foi marcado pela distribuição e controle desigual de porções de terras nas mãos de poucos (latifúndio), além de quase inexistente liberdade democrática.

O ditador utilizava de métodos duvidosos, como fraudes eleitorais (sobretudo durante as eleições de 1910) e corrupção para manter-se no poder. 

Em meio a isso, a população mexicana encontrava-se em uma situação preocupante. Para se ter uma ideia, na época, quase 70% das pessoas não sabia ler ou escrever. Associado a isso, a crise econômica latente aumentava ainda mais os ânimos revolucionistas.

Com a vigência da Lei dos Baldios (1893 – 1902), era permitido ao governo o direito de tomar as terras de propriedades indígenas e repassá-las ao latifundiários, em sua maioria investidores de outros países.

A entrada do capital europeu e norte-americano no país aconteceu em detrimento da decadência e aumento das dificuldades da população mexicana que, insatisfeita, buscava a saída de Porfírio Diaz do governo. 

Pressionado pela classe pobre, pessoas da elite política e até mesmo representantes da igreja, o ditador renunciou o cargo no ano de 1910. Assim, com a aceitação e ajuda das classes mais populares, lideradas por Emiliano Zapata e Pancho Villa, Francisco Madero assumiu o poder no ano de 1911.

As principais propostas apresentadas pelo novo governante incluíam a justa redistribuição dos latifúndios e a reformulação das leis agrárias e políticas.

Revolução Mexicana: Causas

Com Madero no poder, o povo mexicano esperava uma melhoria da situação calamitosa em que se encontravam. Entretanto, a situação continuou a mesma, tendo inclusive piorado em alguns aspectos.

Insatisfeitos com o novo governo, os líderes camponeses Emiliano Zapata e Pancho Villa iniciaram uma revolução que tiraria Francisco Madero poder, pois este não cumpriu de fato com as promessas de melhorias sociais e reformas agrárias.

Os sucessores de Madero também sofreram retaliação por parte do revolucionários. No entanto, no ano de 1917, Venustiano Carranza assume o cargo de presidente do México. 

Para acabar de vez com o sentimento revolucionário exacerbado, o líder contou com a ajuda dos Estados Unidos para tramar a morte dos revoltosos Zapata e Villa, em 1919 e 1923 respectivamente. Assim, o movimento perdeu força e abriu as portas para os investimentos estrangeiros no país.

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Imagem dos revolucionários mexicanos Poncho Villa (esquerda) e Emiliano Zapata (direita)

Consequências da Revolução Mexicana

Dentre as consequências da Revolução Mexicana, podemos destacar a aprovação da Constituição do México em 1917, durante o mandado de Venustiano Carranza.

O documento redefiniu a estrutura social do país. Um dos pontos positivos foram as leis de expropriação dos latifúndios, além do reconhecimento dos direitos indígenas.

Houve também a criação do salário mínimo e a diminuição da jornada de trabalho para 8 horas diárias. Ficou estabelecido também a separação entre Estado e Igreja, colocando um fim na coparticipação da instituição religiosa nas tomadas de decisões do governo. 

Apesar das limitadas mudanças, a Revolução Mexicana trouxe mais esperança e desenvolvimento à nação mexicana. As reformas agrárias não foram de fato totalmente cumpridas e a situação dos índios ainda é negligenciada nos dias de hoje. 

Soma-se a isso a dificuldade de competir com as indústrias estrangeiras que produziam em larga escala seus produtos. Endividamentos e a luta por terras também marcaram profundamente a história política, social e econômica do país. 

Zapatismo

A figura do revolucionário Emiliano Zapata Salaza é um símbolo de luta no México. Seus feitos heroicos marcaram uma geração que ansiava por mudanças e melhorias na qualidade de vida.

Além da Revolução Mexicana, Zapata chegou a ser o principal líder do Exército Libertador do Sul, comandando um montante de quase 30 mil homens nas disputas contra o governo.

Movido por posicionamentos anarquistas, foi impedido de assumir o poder do país em 1914.

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Imagem do líder camponês e revolucionário, Emiliano Zapata.

No entanto, os movimentos modernos ligados aos ideais de Zapata mantêm-se fortes nos dias de hoje. O chamado Exército Zapatista de Libertação Nacional – EZLN ganhou notoriedade no dia 1º de abril de 1994, em uma ação contra as prefeituras de diversas cidades do país. 

Os ideais defendidos consistiram no fim da marginalização da pessoa indígena, o fim da corrupção política, além do fim do NAFTA – Tratado Norte-Americano de Livre Comércio.

Atualmente, o líder do Zapatismo é apresentado como subcomandante Marcos. A figura do líder é caracterizada por seu rosto sempre encapuzado, discursos revolucionários inflamados na internet, além das críticas aos atuais governos, utilizando uma mistura de humor, folclore e poesia.

Veja também:O que foi a Revolução Francesa?

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