Roupas que carregam celular? Tecnologia pode acabar com a busca por tomadas

Pesquisadores suecos desenvolvem tecnologia que transforma calor corporal em eletricidade.

Imaginou carregar seu celular com o calor do seu corpo? O conceito, que parece saído de uma obra de ficção científica, está cada vez mais próximo de se tornar uma realidade.

Pesquisadores das universidades de Tecnologia Chalmers e Linköping, na Suécia, estão revolucionando o mercado têxtil com uma inovação promissora. A nova tecnologia têxtil transforma calor corporal em eletricidade a partir de efeitos termoelétricos.

Esse processo poderia alimentar dispositivos eletrônicos vestíveis diretamente a partir de nossas roupas, conforme destacado em estudo publicado na Advanced Science. O desenvolvimento fundamenta-se em um polímero inovador, o poli(benzodifurandiona) ou PBFDO, empregado como revestimento em fios de seda.

Os pesquisadores superaram um desafio antigo: a falta de polímeros estáveis do tipo “n”. Esses materiais são essenciais para a eficiência dos dispositivos termoelétricos.

A estudante de doutorado Mariavittoria Craighero, da Universidade de Tecnologia Chalmers, explica que esses polímeros são “dobráveis, leves e fáceis de usar tanto na forma líquida quanto sólida”. Além disso, eles não são tóxicos.

Como funcionam os têxteis termoelétricos

Os geradores termoelétricos convertem diferenças de temperatura em energia elétrica. Com isso, o calor gerado pelo corpo humano é utilizado para criar gradientes de temperatura naturais.

Para eficiência máxima, polímeros do tipo p e n devem ser utilizados em conjunto.

O PBFDO, ao contrário de materiais anteriores, mantém sua estabilidade por mais de 14 meses, o que representa uma inovação significativa. Além de serem duráveis, os fios revestidos com o material podem ser lavados à máquina e resistem a temperaturas extremas.

Desafios e potencial de mercado

Dois dispositivos termoelétricos foram desenvolvidos para demonstrar a tecnologia: um botão e um gerador têxtil de maior porte. Embora promissores, os dispositivos ainda não alcançam a energia necessária para o carregamento USB de eletrônicos.

  • Botão termoelétrico: 6 milivolts a 30 graus Celsius.
  • Gerador têxtil: 17 milivolts a 70 graus Celsius.

Porém, os números são suficientes para ajudar a alimentar dispositivos de energia ultrabaixa, como alguns sensores, usando um conversor de voltagem.

Potencial da tecnologia

Mesmo com as limitações, a tecnologia possui potencial significativo para aplicações na saúde. Dispositivos vestíveis, como sensores, poderiam operar sem a necessidade de bateria, beneficiando pacientes crônicos e entusiastas do fitness.

Christian Müller, professor de Química e Engenharia Química, acredita que essa inovação abre portas para avanços significativos no setor têxtil. Contudo, a produção em larga escala ainda enfrenta desafios, exigindo o desenvolvimento de processos automatizados e melhorias na eficiência energética.

Com o progresso contínuo, espera-se que o mercado de têxteis termoelétricos evolua e traga benefícios tangíveis à sociedade, ampliando suas aplicações além da saúde para funções diversas em roupas inteligentes.

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