Sincretismo e as religiões afro-brasileiras

O sincretismo e as religiões afro-brasileiras resultam das práticas que mesclam crenças africanas e catolicismo.

Sincretismo e religiões afro-brasileiras se interligam a partir das práticas oriundas da junção das crenças dos povos africanos e da Igreja Católica.

Sincretismo é o termo adotado para designar a mescla de religiões e ideologias que formam outra. É importante salientar que esse conceito pode ser utilizado também em diversas áreas das ciências humanas e sociais.

Entretanto, o sincretismo mais evidente é o religioso.

Sincretismo religioso

No período da escravidão, o Brasil recebeu milhares de pessoas pertencentes a diversas regiões do continente africano.

Por ser um grande continente, muitas dessas pessoas escravizadas não possuíam o mesmo dialeto, nem adoravam as mesmas divindades, e suas crenças e tradições diferentes vieram com elas.

Os africanos aqui escravizados recebiam castigos por não aceitarem a religião que lhes era imposta, o catolicismo.

Dessa forma, eles supostamente adotaram a religião católica, mas continuaram a manter o culto aos orixás.

É importante destacar que as religiões dos povos africanos não se misturaram somente com a fé católica, mas também houve uma mescla entre as próprias religiões da África.

Por séculos eles ficaram impossibilitados de praticar sua religião livremente. Para não perder suas raízes, eles começaram a associar a imagem dos orixás aos santos católicos, como forma de burlar os colonizadores.

Assim ocorreu o sincretismo religioso, que se caracteriza pela união de doutrinas religiosas e na ressignificação das mesmas, que acaba por desencadear uma nova crença.

Os santos da Igreja Católica utilizados para colocar em prática o sincretismo religioso, foram:

  • São Jorge — Ogum, em algumas regiões, Oxóssi, em outras;
  • São Lázaro — Omolú;
  • Santa Bárbara — Iansã;
  • Virgem Maria — Yemanjá.

É importante salientar que o sincretismo de um mesmo orixá ou santo não é o mesmo em todas as regiões do país.

Os escravos africanos utilizaram o sincretismo religioso para manter sua ancestralidade viva.

Religiões afro-brasileiras

Candomblé

Considerada uma religião afro-brasileira, o candomblé é uma religião de matriz africana que resgata os cultos africanos por meio da junção das crenças que vieram com os negros escravizados.

Os rituais do candomblé muito se assemelham com os rituais africanos, com danças, batuques e oferendas.

É importante destacar que o candomblé não é praticado de uma única forma, pois é adotado por diferentes povos.

Então, algumas de suas denominações são:

  • Ketu: dos povos nagô;
  • Jeje: dos povos jeje;
  • Bantu: dos povos angolanos;
  • Caboclo: junção das entidades africanas e dos espíritos ameríndios (indígenas).

É complexo precisar a quantidade de orixás cultuados pelo candomblé, pois varia de acordo com a linha que ele segue, ou seja, com o tipo de candomblé.

Calcula-se a existência em torno de dezesseis ou vinte orixás dentro da religião, cada um com sua característica.

Alguns dos orixás cultuados no candomblé são:

  • Ogum
  • Oxum
  • Oxóssi
  • Iemanjá
  • Omulú
  • Xangô
  • Iansã
  • Nanã
  • Oxalá
  • Exu
  • Oxumaré
  • Ossain
  • Ewá
  • Logunedé
  • Obá
  • Oxoguiã

Umbanda

A umbanda é uma religião sincrética. Ela acredita nos orixás, mas de uma maneira diferente do candomblé.

Na umbanda, acredita-se em reencarnação, carma e imortalidade da alma. Além disso, a umbanda cultua as entidades, vistas como espíritos sábios capazes de guiar as pessoas.

Considerada uma religião brasileira, a umbanda combina aspectos do catolicismo, do kardecismo e das religiões afro-brasileiras. Ela não possui uma única linha.

Durante os rituais, os umbandistas tocam batuques e reproduzem cânticos em português.

Os nove orixás cultuados na umbanda são:

  1. Oxalá
  2. Ogum
  3. Oxóssi
  4. Xangô
  5. Iemanjá
  6. Oxum
  7. Iansã
  8. Nanã Buruquê
  9. Obaluaê/Omulú

Eles simbolizam as sete linhas da religião e não há um trabalho direto com eles durante os rituais. Por isso, os trabalhos são feitos com as entidades. São elas:

  • Exus e Pombagiras (no candomblé, Exu é um orixá e não uma entidade)
  • Caboclos
  • Preto-velho e preta-velha
  • Erês (crianças)
  • Baianos, marinheiros, malandros e boiadeiros, entidades chamadas de linhas auxiliares ou linhas regionais. A umbanda sofre variações de acordo com o local que o terreiro se fixa.

É importante evidenciar que as duas religiões cultuam, de modo geral, os mesmos orixás, entretanto, cada uma mantém seu próprio ritual. São doutrinas que encontram uma ligação na crença aos orixás.

Outras religiões afro-brasileiras

As religiões afro-brasileiras podem receber diferentes nomes de acordo com a região em que se insere. Vejamos algumas delas:

  • Babaçuê (PA)
  • Batuque (RS)
  • Tambor-de-mina (MA, PA)
  • Xangô (PE)
  • Catimbó (PB, PE)
  • Macumba (RJ, SP)
  • Xambá (AL, PB, PE)
  • Encantaria
  • Jurema de terreiro
  • Jurema sagrada
  • Quimbanda

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