Solução tóxica que promete curar autismo está à venda na Internet

Proibido pela Anvisa, MMS é usado como alvejante para 'branqueamento de madeira'

Solução química que teria a capacidade de promover uma desintoxicação de bactérias (não identificáveis em exames), além de eliminar metais pesados responsáveis por sintomas de autismo. Sob esse apelo, o MMS (termo em inglês para Solução Mineral Milagrosa) –  é um dióxido de cloro à base de clorito de sódio e ácido cítrico, muito usado como poderoso alvejante para branqueamento de madeira – cujos efeitos danosos à saúde humana têm sido objeto de denúncias por parte de pais de crianças autistas.

Alvo de propaganda intensa, desde os anos 90, pelo ex-cientologista ianque Jim Hamble, que alega ter curado pacientes com malária e Aids, o uso do MMS passou a ser discutido com maior intensidade, sobretudo após a denúncia feita pela jornalista Andrea Werner – mãe de Theo, de dez anos, um autista moderado – contra o livro “Curando os Sintomas Conhecidos como Autismo”, escrito pela autora estadunidense Kerri Rivera, que recomenda o uso da substância tóxica.

Em consequência do alerta lançado por Andrea, várias livrarias decidiram retirar o livro (publicado no Brasil pela editora BV Books) de suas prateleiras físicas e virtuais, à medida que aumentavam os acessos aos posts da jornalista.

“A demanda foi tanta, que montamos uma equipe para receber relatos de pessoas que passaram pelo “tratamento” com MMS ou que sabiam de profissionais que recomendavam o uso. Além disso, iniciamos a campanha #foramms e gravei um vídeo explicativo sobre o assunto”, conta Andrea, ao explicar que seu vídeo já conta com mais de 50 mil visualizações, tendo sido compartilhado por mais de 2,7 mil pessoas. Ela acrescenta que “precisamos trabalhar para conscientizar os pais que acabaram de receber o diagnóstico dos filhos e são presas fáceis do charlatanismo”.

Em sua defesa, em nota, a BV Books alegou passar por “perseguição”, ao argumentar que “o título do livro não fala diretamente sobre a cura do autismo e sim sobre a cura dos sintomas dele”, acrescentando que “a composição citada no livro é do clorito de sódio e não de um alvejante”.

Embora tenha proibido sua fabricação, distribuição e comercialização, desde junho do ano passado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – que não a reconhece como solução para fins terapêuticos – a MMS continua acessível livremente pela Internet. Questionada sobre este fato pela revista especializada Crescer, a Anvisa se limitou a afirmar que a venda da mistura química “é um crime contra a saúde pública, de acordo com o Código Penal”.

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