O Substantivo
Os substantivos são palavras que usamos para nomear os seres e as coisas. Possuem classificação e flexionam-se em gênero, número e grau.
Quem dá nome aos seres?
Ao primeiro homem, conta o Livro do Gênesis, foi dado o poder de nomear:
“Deus formou, pois, da terra toda sorte de animais campestres e de aves do céu e os conduziu ao homem, para ver como ele os chamaria, e para que tal fosse o nome de todo animal vivo qual o homem o chamasse. E o homem deu nome a todos os seres vivos, a todas as aves do céu, a todos os animas campestres”.
(Gênesis, capítulo 2, versículos 19-20.)
O poder de nomear significava para os antigos hebreus dar às coisas a sua verdadeira natureza, ou reconhecê-la. Esse poder é o fundamento da linguagem, e, por extensão, o fundamento da poesia.
Alfredo Bosi. O ser e o tempo da poesia. São Paulo, Cultrix, 1983.
Os trechos da Bíblia e do livro de Alfredo Bosi que você leu agora falam, ainda que indiretamente, da importância de se dar nome a todas as coisas. Você já imaginou se as coisas não tivessem nomes? Como conseguiríamos nos expressar? Como seríamos capazes de elaborar uma mensagem que pudesse ser compreendida por nossos interlocutores? Como nossos desejos e vontades seriam atendidos se não conseguíssemos nomeá-los? Precisaríamos apontar para todos os objetos o tempo todo, o que impossibilitaria a comunicação na modalidade escrita. Imaginou? Pois é, então você pôde perceber a importância dos substantivos, uma das dez classes gramaticais da língua portuguesa.
Chamamos de classe gramatical o conjunto formado por todas as palavras que têm uma mesma finalidade. Entre as classes gramaticais está o substantivo, cuja principal função é nomear os seres em geral. Além de nomear os seres propriamente ditos (casa, mesa, sapato, parede, carro, janela, caneta, etc.), o substantivo também nomeia ações (abraço), conceitos físicos (velocidade), afetivos (amor, raiva, medo) e socioculturais (humildade, beleza), entre outros, que não podem, é claro, ser considerados “seres” no sentido corriqueiro da palavra. Podemos concluir, portanto, que tudo o que ouvimos, sentimos, vemos, imaginamos, tem nome, por isso a importância dos substantivos.
Para ajudar você a entender melhor essa interessante classe gramatical, o Escola Educação preparou um artigo introdutório sobre o assunto, um artigo ideal para a sua rotina de estudos e para uma possível consulta quando houver uma dúvida sobre o tema em questão. Boa leitura e bons estudos!
Classificação geral dos substantivos
Dependendo do ponto de vista segundo o qual é analisado, o substantivo apresenta diferentes classificações. Observe o quadro abaixo:
Aspecto analisado | Classificação |
Origem | Primitivo: não se origina de outra palavra da língua.Exemplos: rua, cidade, máquina, pedra.Derivado: origina-se de outra palavra.Exemplos: lapiseira (lápis), bondade (bom), negociação (negócio). |
Forma | Simples: constituído por uma única palavra.Exemplos: árvore, menino, lápis, coragem.Composto: Constituído por mais de uma palavra (ou radical)Exemplos: guarda-chuva, passatempo, lobisomem. |
Designação(geral ou específica) | Comum: nomeia, genericamente, todos os elementos de uma mesma espécie.Exemplos: cidade, árvore, lapiseira, professor.Próprio: dá nome a um único ser de uma espécie.Exemplos: Rio de Janeiro, Maria Luísa, Marte, Atlético Mineiro. |
Tipo de ser nomeado | Concreto: nomeia seres de existência própria (real ou imaginária).Exemplos: lapiseira, São Paulo, Deus, bruxa, alma.Abstrato: dá nome a sentimentos (ódio, solidão), qualidades/ defeitos (beleza, lealdade, rapidez), sensações (frio, dor), ações (vingança, crítica, choro) e estados (vida, viuvez, morte). |
Alguns substantivos costumam provocar dúvidas entre os falantes, entre eles os substantivos coletivos. Confira agora uma lista com os coletivos de uso mais frequente na língua portuguesa. Você poderá consultá-la sempre que for preciso, certo?
Coletivo | Conjunto de |
Alcateia | Lobos |
Acervo | Obras de arte |
Arquipélago | Ilhas |
Banca | Examinadores, advogados |
Banda | Músicos |
Bando | Aves, malfeitores |
Cáfila | Camelos |
Caravana | Viajantes |
Conciliábulo | Conspiradores |
Corja | Vadios, vagabundos |
Elenco | Atores |
Esquadra | Navios de guerra |
Esquadrilha | Aviões |
Fato | Cabras |
Fauna | Animais de uma região |
Flora | Vegetais de uma região |
Horda | Invasores, aventureiros |
Legião | Soldados |
Leva | Trabalhadores, refugiados, imigrantes |
Manada | Grandes animais (elefante, bufálo etc.) |
Matilha | Cães de caça |
Molho (pronúncia: “mólho”) | Chaves |
Nuvem | Insetos voadores |
Quadrilha | Assaltantes, ladrões |
Resma | Folhas de papel |
Vara | Porcos |
Flexões do substantivo
Por ser uma palavra variável, isto é, por admitir variações, o substantivo pode ter sua forma alterada para exprimir determinados aspectos gramaticais, podendo variar quanto ao gênero (masculino e feminino), número (plural e singular) e grau (aumentativo e diminutivo).
Gênero do substantivo
Quando se trata de nomes de seres vivos, o gênero deve combinar com o sexo do ser nomeado:
Gato – gata
menino – menina
Quando se trata de seres não-vivos, que não têm sexo, o gênero é fixado convencionalmente, isto é, não sofre alterações:
o vendaval – a garagem – a alface – o problema
Há substantivos que têm uma forma para o masculino e outra, diferente, para o feminino. Veja os exemplos:
Homem – mulher
cão – cadela
genro – nora
zangão – abelha
Há também outros que formam o feminino a partir do próprio masculino, alterando apenas as desinências. Veja alguns exemplos:
mestre – mestra
leão – leoa
cantor – cantora
Existem também substantivos que têm, no feminino, formas pouco comuns. Observe:
padre – madre
frade – freira
frei – sóror
cavalheiro – dama
cavaleiro – amazona
czar – czarina
cônsul – consulesa
conde – condessa
profeta – profetisa
Número do substantivo
É a flexão que exprime a quantidade de seres que a palavra nomeia, podendo ser no singular ou no plural. Quando estiver no singular, o substantivo nomeará um único ser ou um único conjunto de seres, considerados como um todo. Em geral, o que indica o singular é a ausência da desinência -s no final da palavra. No plural, o substantivo nomeia mais de um ser ou mais de um conjunto de seres. Geralmente, o que marca o plural é a presença da desinência -s no final do nome.
Grau do substantivo
Por terem dimensão, os seres podem sofrer alterações de tamanho, ou seja, podem aumentar ou diminuir. O grau do substantivo serve para exprimir essa ideia de tamanho dos seres, podendo estar no grau aumentativo ou no grau diminutivo.
jogo – jogaço (aumentativo)
rio – riacho (diminutivo)
forno – fornalha (aumentativo)
casa – casebre (diminutivo)
copo – copázio (aumentativo)
muro – mureta (diminutivo)
Vale lembrar que esses dois graus – aumentativo e diminutivo – são expressos por meio de dois diferentes processos:
Sintético |
Nesse processo, juntam-se ao substantivo certos sufixos aumentativos ou diminutivos:Exemplos:livro + inho = livrinhopanela + ão = panelãocasa + ebre = casebre |
Analítico |
Consiste no emprego das palavras grande ou pequeno (ou outras de sentido equivalente) junto com o substantivo.Exemplos:barco pequenorua enorme |
Luana Alves
Graduada em Letras
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