Tecnologia desvela segredo oculto por séculos no Alcorão Azul

No Museu Nacional Zayed, em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, uma equipe de pesquisadores desvendou um segredo oculto por séculos no Alcorão Azul. Por meio de uma tecnologia sofisticada de imagens multiespectrais, versos escondidos foram revelados, o que surpreendeu especialistas da área.

O Alcorão Azul, um manuscrito precioso do século IX, é notável por suas páginas de pele de carneiro tingidas de índigo, caligrafia cúfica dourada e adornos prateados. Descobrir versos da Surata al-Nisa escondidos sob padrões de folhas de ouro intrincados trouxe à tona novos conhecimentos sobre a arte e a técnica dos calígrafos da época.

A tecnologia de imagem multiespectral é fundamental nesse tipo de descoberta, pois ela permite que os pesquisadores detectem detalhes invisíveis a olho nu ao capturarem imagens em diversas faixas espectrais. Tal abordagem inovadora foi capaz de desvendar o mistério presente no Alcorão Azul.

Alcorão Azul, escrito no século IX, escondeu um segredo por séculos (Imagem: Reprodução/Museu Nacional Zayed)

Importância da tecnologia multiespectral

Nurul Iman Bint Rusli, curador do museu, enfatizou a relevância de tal tecnologia para explorar camadas históricas ocultas. Apenas uma cópia do Alcorão Azul é conhecida e suas páginas intrigam estudiosos há décadas, o que torna essa descoberta fascinante e significativa.

Durante a análise, os pesquisadores notaram que os padrões dourados ocultavam um erro do calígrafo, provavelmente um verso duplicado. Devido ao custo elevado da pele de carneiro tingida com índigo, a solução encontrada foi mascarar o erro com a folha de ouro.

Impacto da descoberta

Mai Al Mansouri, curadora associada do museu, destacou o impacto dessa pesquisa inovadora sobre o Alcorão Azul. Tal descoberta lança nova luz sobre as origens e a produção desse importante manuscrito islâmico, ao contribuir para um entendimento mais profundo da história dos calígrafos.

Essa revelação não apenas esclarece aspectos da produção de manuscritos, mas também enriquece o conhecimento sobre as práticas artísticas e culturais dos calígrafos do século IX. Assim, a tecnologia multiespectral continua a abrir novas portas para investigações históricas significativas.