Um exemplar único: o cristal mais raro encontrado até hoje
Para se ter uma ideia do seu grau de raridade, ele possui apenas um exemplar conhecido em todo o mundo.
Atualmente, a Associação Mineralógica Internacional (IMA) já catalogou cerca de seis mil espécies de minerais. Isso só demonstra o potencial geológico colossal do Planeta Terra.
Entretanto, existe um mineral chamado kyawthuite, de cor laranja-avermelhada e transparente, que intriga a todos pelo seu quase inacreditável nível de raridade: só existe um kyawthuite em todo o mundo.
Há pelo menos uma década atrás, mineradores encontraram uma pequena pedra de apenas 30 g em um rio próximo a Modok, no Mianmar. Em um primeiro momento os homens, que estavam caçando safiras, não deram muita importância à pedra.
Contudo, depois de cair nas mãos certas, o hoje conhecido como kyawthuite foi examinado e passou a ser considerado um mineral em 2015, tendo sua composição escrutinada e publicada oficialmente em 2017.
Hoje em dia a pedrinha de Mianmar se encontra exposta no Museu de História Natural do Condado de Los Angeles para que todos vejam o seu esplendor silencioso.
De onde vem o kyawthuite?
(Imagem: Museu de História Natural do Condado de Los Angeles)
A verdade é que mesmo após ser estudado à exaustão, o kyawthuite não deu pistas de como ou onde foi formado. Afinal, não existem jazidas do mineral em qualquer outro lugar conhecido do planeta.
Em um primeiro momento, o mineral foi estudado pelo professor Kyaw Thu, ex-geólogo da Universidade de Yangon, em Mianmar, que deu nome ao kyawthuite.
Depois de anos de estudo, Kyaw Thu e outros geólogos conseguiram decifrar que a pedra é feita a partir da junção de bismuto, antimônio e oxigênio, sendo classificado cientificamente como óxido de bismuto-antimônio sob a fórmula Bi3+Sb5+O4.
O oxigênio é um gás extremamente comum na crosta da Terra, onde os minerais são formados. Por outro lado, o bismuto (Bi) e o antimônio (Sb) são dois metais raros, o que já dá um indicativo dos motivos da existência ímpar do kyawthuite.
Porém, de acordo com os cientistas que examinaram o artefato mineral, o que o torna único não são seus componentes, mas o fato de que é a união de bismuto, antimônio e oxigênio ser algo nunca antes visto.
Sendo coincidência ou não, o segundo mineral mais raro do planeta, a painita, também é endêmica de Mianmar. Na época que o único punhado de pianita conhecido foi descoberto, os geólogos responsáveis sugeriram que o passado geológico agitado do território onde hoje fica Mianmar pode ter criado condições favoráveis à mistura de metais raros, dando origem aos minerais igualmente únicos.
George Rossman, professor do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), corrobora com essa tese, destacando que o choque do subcontinente indiano com a Ásia, ocorrido há bilhões de anos atrás, pode ter gerado calor e pressão suficientes para tal efeito.
Com tudo isso, é bem provável que existam até outros tipos de minerais únicos enterrados em algum lugar da Ásia esperando para serem achados.
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