Vacinas contra o câncer: A tecnologia de ponta que revolucionará a medicina personalizada

Tecnologia inovadora é esperada há anos pela população - câncer segue sendo uma das doenças com maior taxa de fatalidade.

Recentemente, os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA anunciaram que imunizantes personalizados conseguiram impedir o retorno de um câncer pancreático extremamente mortal em cerca de metade dos participantes do estudo.

Grandes empresas farmacêuticas, como BioNTech e Moderna, também exploraram o potencial das vacinas de mRNA, que foram inicialmente utilizadas no combate à covid-19, para combater o câncer, uma das principais causas de morte em todo o mundo.

Embora possa parecer algo saído de um filme futurista de ficção científica, esses avanços científicos já são uma realidade hoje. A maioria dessas vacinas ainda está em fase de testes, e apenas algumas foram aprovadas para a prevenção do câncer.

No entanto, apesar do trabalho que ainda precisa ser feito, essas vacinas já estão prevenindo doenças e salvando vidas há mais de quatro décadas.

Muitas pessoas desconhecem a existência dessas vacinas contra o câncer. É muitíssimo importante e fundamental de se compreender o que são exatamente essas vacinas e o que elas fazem, além de prevenir o desenvolvimento inicial da doença. Independentemente de ser um paciente com câncer ou não, é crucial se educar sobre o assunto.

Entenda mais sobre o promissor imunizante contra o câncer

As vacinas contra o câncer funcionam de maneira semelhante às vacinas para doenças infecciosas, como gripe, sarampo, caxumba e covid-19, de acordo com o Dr. Keith Knutson, professor de imunologia na Mayo Clinic, especializado em pesquisar e desenvolver vacinas contra o câncer.

Essas vacinas estimulam o sistema imunológico a combater um alvo específico, que, nesse caso, é o câncer. Atualmente, a maioria das vacinas contra o câncer é apenas terapêutica, ou seja, são utilizadas para tratar pacientes que já têm câncer avançado, normalmente em combinação com outras intervenções, como quimioterapia, cirurgia ou radioterapia.

Segundo o Cancer Research Institute, atualmente existem duas vacinas aprovadas pela FDA: uma para câncer de bexiga em estágio inicial e outra para câncer de próstata.

Embora o número de vacinas preventivas aprovadas contra o câncer seja bastante limitado, elas estão tendo um impacto significativo. Por exemplo, a vacina contra o HPV resultou em uma redução de 65% no câncer cervical em mulheres na faixa dos 20 anos de idade, de 2012 a 2019, de acordo com dados divulgados pela American Cancer Society.

Essas mulheres foram algumas das primeiras a receber a vacina, que foi aprovada pela FDA em 2006. Espera-se que reduções semelhantes sejam observadas em outros cânceres relacionados ao HPV que geralmente ocorrem mais tarde na vida, como câncer de cabeça, pescoço, oral, retal e vulvar.

Outro alvo de pesquisa é o câncer de mama. Laboratórios ao redor do mundo, incluindo o de Knutson, estão focados em desenvolver vacinas que possam prevenir o câncer de mama, que é o tipo mais comum em todo o mundo, ou pelo menos evitar a recorrência em sobreviventes.

O laboratório de Knutson está trabalhando em uma vacina que visa a seis alvos frequentemente encontrados no câncer de mama, e esses alvos também são encontrados em cânceres de pulmão, ovário e pâncreas. Acredita-se que essa imunidade gerada possa também funcionar como protetora contra diferentes tipos de câncer.

As vacinas contra o câncer representam um avanço promissor na medicina, abrindo caminho para uma abordagem mais personalizada no tratamento e na prevenção dessa doença devastadora.

O funcionamento  

No momento, as vacinas que tratam o câncer ativo estão em fase de testes, com algumas poucas exceções. No entanto, é importante frisar que elas não são curas e receber uma vacina contra o câncer é um processo muito mais complexo do que ir a uma farmácia e obter uma vacina para a gripe.

As vacinas personalizadas contra o câncer são comuns em ensaios clínicos, mas desenvolvê-las é um processo demorado. O paciente precisa passar por uma biópsia para determinar quais tumores podem ser alvo da vacina.

Em seguida, as células tumorais são sequenciadas geneticamente para identificar a composição da vacina mais eficaz para aquele paciente em particular. A vacina personalizada é então produzida e entregue ao paciente.

Cada etapa desse processo pode levar semanas ou até meses, geralmente cerca de seis meses no total, de acordo com especialistas. O tempo é um desafio constante nesse contexto, já que se trata de uma doença que transforma o tempo em um recurso importante.

Algumas empresas estão trabalhando para acelerar o processo. Por exemplo, a empresa de biotecnologia Illumina está fornecendo recursos de sequenciamento genético à Moderna para sua vacina de prevenção de melanoma. Isso permite um sequenciamento mais rápido do genoma, reduzindo o tempo necessário para a entrega das vacinas personalizadas.

Algumas vacinas contra o câncer têm mostrado resultados promissores em ensaios clínicos: Pacientes que receberam a vacina personalizada da Moderna juntamente com a terapia de anticorpo monoclonal Keytruda da Merck tiveram uma redução de 44% na probabilidade de morte ou recorrência do câncer em comparação com um grupo que recebeu apenas o Keytruda.

Essa vacina está avançando para testes de Fase 3, a etapa final antes da possível aprovação pelo FDA.

Os especialistas estão intrigados com o sucesso aparente das vacinas de mRNA contra o câncer, como a da Moderna. Eles estão esperançosos de que essa tecnologia possa acelerar o processo de personalização das vacinas contra o câncer, que também têm efeitos colaterais mais toleráveis do que a quimioterapia.

A tecnologia de vacinas de mRNA é considerada uma nova fronteira, e seu potencial ainda está sendo explorado.

Embora o desenvolvimento e a entrega de vacinas personalizadas contra o câncer ainda enfrentem desafios, os avanços recentes e a contínua pesquisa científica estão abrindo caminho para uma nova era de tratamento personalizado contra o câncer.

Quando o imunizante será amplamente adotado?

Atualmente, a maioria das vacinas contra o câncer são desenvolvidas para pacientes com doença avançada. É um processo gradual na medicina, em que começamos pelos casos mais críticos e avançamos para estágios mais precoces da doença à medida que fazemos progressos.

No entanto, especialistas acreditam que veremos um número crescente de vacinas terapêuticas contra o câncer sendo desenvolvidas na próxima década. Já existem vários ensaios clínicos em andamento nas fases 2 e 3, o que indica que mais ajuda estará disponível em um futuro relativamente próximo, embora isso dependa de financiamento adequado.

Apesar de existir poucos recursos financeiros focados nessa descoberta, há um aspecto encorajador nessa situação: pesquisadores futuros poderão se basear nos avanços feitos pela sua equipe. Mesmo que ele não veja uma vacina específica avançar, ele sabe que contribuiu para uma base científica que guiará o futuro.

Embora ainda haja desafios a serem superados, a pesquisa e o desenvolvimento contínuos nos fornecem esperança de que as vacinas contra o câncer se tornem cada vez mais disponíveis e eficazes no futuro.

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