Viciados em celular: por que não conseguimos largá-lo um minuto sequer?

Não é só a forma como as redes sociais e os jogos são projetados. Entenda!

Há uma previsão (um tanto catastrófica) de que, com o passar do tempo, quase todo mundo será um pouquinho corcunda. Isso acontecerá porque estamos viciados em olhar para a tela do celular, forçando nossa coluna a uma postura que não é natural ao nosso corpo.

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Esta “previsão” virou meme nas redes sociais e várias pessoas fizeram montagens e piadas com o assunto. Mas uma coisa é muito certa: estamos, de fato, viciados nos nossos aparelhos.

Afinal, passamos a maior parte do dia grudados nele, seja para resolver problemas de trabalho, jogando ou rolando o feed infinito das redes sociais.

Cientistas têm uma explicação para isso que vai bem além de um algoritmo muito bem calculado para as redes sociais e para os jogos digitais. Pelo menos é o que diz um artigo publicado na revista Neuroscience Of Consciousness.

Por que estamos viciados em celular?

Quem assina o texto é Jelle Bruineberg, filósofo da Universidade de Copenhagen. Segundo o pesquisador, é uma mistura das duas coisas: o algoritmo e o nosso desejo nato por novidades.

“Quando sentimos esse desejo de verificar nosso e-mail ou as últimas notificações do Facebook, não é porque estamos sendo bombardeados por informações. Muitas vezes, nem sequer estamos interagindo com nosso telefone celular quando surge a necessidade”, sublinha ele. “Mas a ação de verificar nosso telefone nos proporciona acesso fácil a uma recompensa muito satisfatória: uma informação nova. Esse desejo é, de acordo com a neurociência cognitiva, um aspecto básico da forma como as nossas mentes funcionam”.

De acordo com o filósofo, até dá para desenvolver este mesmo “vício” por objetos analógicos, mas é mais difícil. Ele dá o exemplo de uma biblioteca. “Não faria sentido devolver o hábito de verificar um livro específico”, explica. “Além disso, a informação em um livro é estática, não muda repentinamente da mesma forma que a informação no mundo digital”, completa.

Além disso, ele pontua que, ao longo da história, outras fontes de atenção já prenderam os cérebros dos seres humanos, como algumas práticas meditativas e contemplativas de algumas comunidades religiosas.

Para ele, os celulares, na verdade, criaram um jeito mais difundido de se distrair. “A ideia que apresento é que existe um profundo descompasso entre a forma como as nossas mentes funcionam e a estrutura das modernas tecnologias digitais. Mas não se trata de sermos inundados por um monte de informações”, diz.

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