9,8 milhões de jovens brasileiros abandonaram a escola para trabalhar
Oriundos de famílias de baixa renda, esses estudantes optaram por evadir-se da escola durante alguma das etapas do ensino básico.
Os dados da pesquisa Juventudes Fora da Escola, realizada pelo Itaú Educação e Trabalho e pela Fundação Roberto Marinho e divulgada no dia 11 desta semana, revelam que no Brasil cerca de 9,8 milhões de jovens, com idades entre 15 e 29 anos, não concluíram o ensino básico.
Em outras palavras, quase 20% dos jovens nessa faixa etária deixaram de frequentar a escola durante o período de educação infantil, ensino fundamental ou ensino médio. Essas informações foram extraídas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE de 2022.
Conforme os dados levantados, a maioria desses jovens é proveniente de famílias com renda per capita de até um salário-mínimo. Entre esses, 43% não conseguiram concluir o ensino fundamental, 22% concluíram o fundamental mas não seguiram para o médio, e 35% possuem o ensino médio incompleto.
Ademais, o estudo revela que oito em cada dez jovens estão fora da escola há mais de dois anos, com uma média geral de seis anos longe das salas de aula. A grande maioria desses jovens (84%) está inserida na força de trabalho, sendo que 67% estão empregados informalmente.
Os motivos
Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho, destaca que a principal razão para o abandono escolar desses jovens é a necessidade de trabalhar. Por isso, ela enfatiza que é responsabilidade da escola proporcionar condições para que esses jovens possam continuar seus estudos.
“Os dados revelam a questão do mundo do trabalho como central na decisão desses jovens que estão fora da escola, seja na tomada de decisão para interromper os estudos, seja para retomá-los. Temos o compromisso constitucional de, na escola, formarmos profissionalmente os jovens, para que eles tenham condições de garantir inserção produtiva digna e dar sequência na carreira que desejarem optar”, ressalta Ana Inoue.
De acordo com a pesquisa, 73% dos jovens têm a intenção de concluir a educação básica, motivados pela perspectiva de melhoria profissional, seja para conseguir um emprego melhor ou para entrar no mercado de trabalho. Além disso, uma parcela significativa deles (28%) expressa o desejo de cursar uma faculdade.
Embora 27% dos entrevistados tenham indicado que não planejam concluir o ensino médio devido à necessidade de trabalhar e/ou cuidar da família, 92% concordam que concluir a educação básica poderia proporcionar melhores oportunidades de trabalho.
“Fortalecer a educação profissional e tecnológica é fundamental nesse sentido, para que os jovens tenham formação adequada e alinhada às tendências do mundo do trabalho, assim como é urgente criarmos condições para que essa parcela da população estude e tenha oportunidades profissionais”, destaca Ana Inoue, enfatizando a importância de uma educação voltada para a capacitação profissional.
* Com informações da EBC – Agência Brasil
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