Impactos da pandemia na educação: crianças podem perder até 10% dos ganhos futuros

Um relatório global do Banco Mundial divulgado na última quinta-feira, 16 de fevereiro, mostra um dos impactos da pandemia de Covid-19 na educação. Segundo o texto, crianças de 0 a 5 anos sofreram perda de déficit cognitivo durante este período e, por isso, poderão sofrer com ganhos no futuro.

De acordo com o relatório, essa perda pode resultar em uma queda de 25% na renda que teriam quando adultos. O documento ainda aponta que crianças em idade escolar, de 6 a 14 anos, e jovens de 15 a 24 anos também foram afetados pela crise sanitária.

Em entrevista à rede de televisão CNN, a economista do Banco Mundial e uma das autorias do relatório, Joana Silva, pontuou que crianças de 0 a 5 anos sentem mais a perda cognitiva porque os primeiros cinco anos de vida são cruciais para o desenvolvimento do cérebro.

Segundo ela, é nessa fase que se estabelece a base para habilidades como alfabetização e matemática, além de desenvolver funções executivas e habilidades socioemocionais. Perdas de capital humano nessa fase podem resultar em um obstáculo para a acumulação de capital humano nas fases seguintes da vida.

Impactos da pandemia na educação

Além disso, o relatório do Banco Mundial calcula que crianças em período escolar podem perder até 10% de seus ganhos futuros devido aos impactos na educação provocados pela pandemia. Com o fechamento das escolas, as crianças deixaram de aprender e esqueceram coisas que já haviam estudado, mesmo tendo aulas remotas.

Estima-se que, a cada 30 dias de fechamento das escolas, em média, os alunos perderam 32 dias de aprendizagem. Essas perdas na educação podem resultar em uma redução de ganhos futuros em todo o mundo em até US$ 21 trilhões.

Soluções

Ainda conforme Joana, há algumas soluções para minimizar os problemas causados pela perda de capital humano durante a vida dessas crianças. Uma delas seria os governos priorizarem programas sociais de transferência de renda para famílias com crianças pequenas, sobretudo aquelas cuja renda não foi recuperada.

Além disso, ela defende promover campanhas de atualização da carteira de vacinação e suplementação nutricional. E, por fim, programas para incentivar maior estímulo cognitivo e socioemocional nos lares.

Para as crianças em idade escolar, será importante adequar o ensino ao nível de aprendizado dos alunos que perderam aulas, aumentar o tempo de aula e os programas de recuperação, como aulas de compensação, para os alunos com maiores perdas.