Pode fazer soar como uma voz: Dubladores estão descontentes com o uso de IA
Em alguns contratos, estão cláusulas que preveem uso de IA para criar novas vozes a partir das vozes dos dubladores.
A inteligência artificial veio para ficar. Inovações como o ChatGPT e a criação de arte a partir da nova tecnologia já são realidades. E essa história ganha mais um capítulo. Mas, desta vez, há uma queixa predominante: Dubladores afirmam que, cada vez mais, empresas inserem cláusulas contratuais que solicitam permissão para usar suas vozes em programas de IA.
Entenda a polêmica
Dubladores de videogames alegam que as novas cláusulas contratuais solicitam a cessão dos direitos de suas vozes para serem usadas em programas de inteligência artificial com a finalidade de criar novas vozes sintéticas.
A grande preocupação da categoria, que já sofre com precarização em seus direitos trabalhistas, é a substituição da profissão pelo uso de vozes sintéticas criadas por meio da inteligência artificial.
Hoje, a inteligência artificial produz novas criações a partir de um banco de dados preexistente, que contém a voz de milhares de pessoas. Recentemente, a atriz Emma Watson foi vítima do uso indevido da tecnologia, que clonou sua voz para ler trechos do livro “Mein Kampf”, do ex-ditador alemão Adolf Hitler.
Cláusulas contratuais e impacto na arte
Alguns dubladores afirmam que são obrigados a assinar os contratos com as referidas cláusulas. Outros, por sua vez, dizem que assinaram sem ao menos saber que cediam os seus direitos para a criação de vozes sintéticas.
No entanto, fato é que algumas empresas usam as vozes dos dubladores sem o seu consentimento expresso, o que, para alguns, configura falta de ética.
Esse é o posicionamento de Steve Blum, dublador de conteúdos audiovisuais como “Ben 10”, “Lilo & Stitch” e “Resident Evil”, além de jogos como “Call of Duty”, “Naruto”, “Age of Empires III” e “Marvel: Ultimate Alliance”.
Os questionamentos ao redor do que é arte também não param de aparecer. Para alguns dubladores e outros artistas, por mais que a voz seja parecida com a voz humana, ainda assim não é o mesmo que uma performance real, praticada por outros seres humanos.
Assim, alguns deles defendem não se tratar de um tipo de arte. Porém, como o uso da tecnologia parece não ter mais volta, agora o sindicato da categoria batalha para fazer com que o consentimento dos dubladores nessas cláusulas contratuais seja expresso.
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