‘Mudança de Hábito’: ex-freira abandona celibato após amor inesperado por sua médica
Ex-religiosa já se encontrou com três papas e abandonou mais alto posto na Igreja Católica para viver romance com profissional da saúde. Veja como é sua vida hoje.ue
Uma “mudança de hábito” da vida real. Selma Teixeira hoje tem 51 anos, mas 25 deles foram dedicados ao trabalho na igreja. Ela é uma ex-freira, que abandonou seus votos e seu celibato para viver um romance inesperado: ela se apaixonou por sua médica.
Selma – ou melhor, Chiara Letícia, como era chamada – não foi apenas uma freira. Ela era A freira. A mulher já esteve com três papas, sendo um deles o papa Francisco. Ela também é ex-madre superiora, mais alto posto que uma mulher pode alcançar na Igreja Católica.
“Vivi no celibato e no enclausuramento por quase três décadas. Mas isso não significa que minha vida até aqui não tenha sido movimentada”, disse a ex-freira em entrevista ao Universa UOL.
Inquietação e vontade de fazer o meu levaram a vida pobre e casta
Selma Teixeira nasceu em Piracicaba (SP) e, por querer contribuir para a comunidade, deu início à sua dedicação à Igreja Católica. À época, tinha 18 anos.
“Cheguei às irmãs carmelitas teresianas, uma ordem instalada na cidade de Jundiaí, também no interior de São Paulo. Elas tinham um trabalho externo importante com meninas e mulheres em situação de risco”, relembrou ela.
Em seus estudos, leu muito sobre Santa Clara e São Francisco de Assis. Sentindo incômodo, percebeu que sua inquietação era porque ainda não tinha encontrado sua forma religiosa de expressão. Então, decidiu que seria “pobre, livre e casta, como eles foram”.
Então, transferiu-se para a ordem das irmãs clarissas, no Espírito Santo, quando fez os votos perpétuos e tornou-se irmã Chiara Letícia da Mãe de Deus.
Ex-freira teve ‘paixão arrebatadora’ por médica que salvou sua vida
Durante sua vida como irmã Chiara Letícia, construiu dois mosteiros, estudou teologia, filosofia, psicologia e história. Todavia, as instituições de ensino não eram reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC). Então, Selma não tem os títulos, apenas o conhecimento.
Em algum momento deste período, ela se viu com episódios de pressão alta e ela se viu, como descreve, vítima de uma “peça que meu coração pregou”. “Com 148 kg e 1,58m, ele começou a bater de forma desenfreada”, relembra.
Ela fez um tratamento cardíaco e uma cirurgia bariátrica. “Ali, minha vida mudou mais uma vez”, reforça. “Já percebia, na época, que meu tempo na clausura, toda a doação para a igreja e comunidade estavam chegando ao fim, que já tinha contribuído o suficiente”.
Durante o tratamento cardíaco, a ex-freira foi acompanhada por uma médica, que acabou se tornando uma amiga. Como gratidão, ela deu à profissional de saúde um box do compositor francês de música clássica Claude Debussy.
“Em um dos meus exames, cheguei no consultório e ela tinha colocado Debussy para tocar. Foi nesse dia que ela me deu um beijo”, relembrou ela, que, de primeira não correspondeu. “Demorei muito tempo para perceber que tinha me ligado afetivamente a ela”.
Afastamento da vida religiosa
Após uma licença da Igreja para refletir sobre o que sentia, ela tomou sua decisão: pediu uma exclaustração definitiva. Como naquela época ela já era madre superiora, apenas o Papa poderia dispensá-la de seu cargo.
“Primeiro, escrevi uma carta para a madre superiora do mosteiro mãe, que juntou outros documentos da minha vida religiosa e encaminhou tudo ao vaticano”, contou a ex-freira. O retorno do Papa Francisco foi positivo.
“[Ele] me agradeceu pelos meus anos de dedicação à vida religiosa e à Igreja Católica. Disse que estava rezando para que eu fosse feliz e que, daquele momento em diante, estava totalmente desligada dos votos, que poderia ter novas relações até contrair matrimônio”.
Ela se casou, mas não com a médica que consertou e confundiu seu coração. Elas ficaram juntas por seis meses, mas depois disso Selma Teixeira foi viver. Viajou, comprou um bar e hoje trabalha como motorista de aplicativo.
Em outubro do ano passado, a ex-freira conheceu sua esposa, Priscila. Elas estão casadas oficialmente desde fevereiro.
“Nunca senti que Deus me abandonou porque saí da vida religiosa ou porque estou em pecado, vivendo com uma mulher que me completa”, salientou Selma. “Passei 25 anos da minha vida na clausura. Não é tão difícil imaginar por que eu quero expandir. Viver livre, leve e solta”.
*com informações do Universa UOL
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