Casais em que a mulher é a provedora financeira são mais infelizes, diz pesquisa
De acordo com o estudo, a insatisfação se dá principalmente entre casais em relações heterossexuais, que supostamente não conseguem aproveitar a vida corretamente.
Um novo estudo revisado por pares revelou que casais heterossexuais em que a mulher é a única fonte de renda relatam menor satisfação com a vida, em comparação com casais em que o homem é o ganha-pão ou em que ambos os parceiros trabalham.
Ao longo de 14 anos de dados de pesquisas sociais europeias, homens e mulheres informaram menor satisfação quando a esposa ou companheira era responsável pelo sustento financeiro da família, sendo que os homens enfrentavam maiores dificuldades nessa situação.
Mesmo depois de controlar a renda, as atitudes em relação ao gênero e outras características, os resultados se mantiveram consistentes. Veja os detalhes a seguir.
Os resultados da pesquisa
O estudo analisou respostas de mais de 42.000 pessoas em idade laboral ativa em nove países europeus, usando uma escala de bem-estar que variava de zero a dez.
Antes de qualquer controle, os homens relataram uma satisfação com a vida mais baixa quando a mulher era a única fonte de renda, enquanto as mulheres também apresentavam uma satisfação ligeiramente menor nessa situação.
(Imagem: Getty Images)
Os casais na Alemanha enfrentavam mais dificuldades em lidar com a dinâmica de uma chefe feminina de família, seguidos pelo Reino Unido, Irlanda e Espanha.
No entanto, essa questão era universal em toda a Europa, mesmo em países com maior igualdade de gênero, como a Finlândia.
Os resultados mostraram que homens desempregados enfrentam maiores dificuldades mentais quando suas parceiras são as únicas provedoras financeiras.
A responsabilidade financeira da mulher causa um fardo psicológico significativo para os homens, a ponto de eles prefererem que suas parceiras não trabalhem.
A pesquisa revelou que os homens desempregados relatam maior satisfação com a vida quando ambos os parceiros se encontram desempregados, indicando que observar suas parceiras trabalhando pode afetar negativamente sua autoestima.
No entanto, quando ambos estão desempregados, os homens desempregados podem sentir que sua situação é menos “desviada”.
Os resultados também destacaram que casais em que a mulher é a única fonte de renda tendem a ter uma renda familiar média mais baixa, encontram dificuldades para gerenciar suas finanças e enfrentam níveis elevadíssimos de problemas de saúde mental, além de um nível educacional consideravelmente mais baixo do que o dos homens.
Quando controlados esses fatores e atitudes de gênero, a satisfação com a vida das mulheres é apenas marginalmente menor quando elas são a única fonte de renda, pois socialmente ainda recai sobre elas as duplas jornadas, onde são também responsáveis pela gestão de seus lares, muitas vezes ignorada pelo companheiro.
Porém, mesmo após esse controle, os homens ainda relatam uma satisfação com a vida mais baixa quando a mulher é a única provedora financeira.
O que possivelmente está por trás dessa percepção
As expectativas tradicionais de gênero do sistema patriarcal, que relacionam a masculinidade à capacidade de prover financeiramente para a família, ainda persistem em muitos dos países abordados no estudo.
Essas expectativas podem levar a sanções sociais, dificuldades de saúde mental e isolamento para os homens desempregados.
As mulheres também podem enfrentar pressões em relação às suas carreiras, evitando buscar empregos ou posições com salários mais altos para evitar reforçar desigualdades de gênero.
Desafiar essa associação entre sustento da família e masculinidade é fundamental para superar essas questões e garantir que os homens não se sintam fracassados quando não atingem essas expectativas.
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