Xiongnu: conheça a história dos nômades que construíram a Grande Muralha da China
Entre guerras e tentativas de tratados de paz, a Grande Muralha foi o resultado do trabalho árduo de dois povos nômades que a arqueologia indica.
No ano 33 a.C., os líderes da dinastia Han, na China, e os nômades Xiongnu do norte se empenharam em estabelecer um tratado de paz, encerrando assim um longo período de conflitos sangrentos.
Conforme já havia sido adotado em outras ocasiões naquela época, a reconciliação seria solidificada por meio de um casamento entre uma princesa da corte chinesa e um líder dos povos Xiongnu.
No entanto, diante da relutância em ceder uma de suas filhas, o imperador chinês tomou a decisão de procurar uma voluntária entre as mulheres de seu harém.
Essa escolha revelou a importância do acordo de paz para o império chinês e sua determinação em mantê-lo. O casamento entre diferentes culturas era uma estratégia política hábil que visava estabelecer um vínculo duradouro entre os dois grupos.
Os nômades Xiongnu
Wang Zhaojun, uma jovem de notável beleza e inteligência, destacou-se como a única disposta a abraçar um casamento que a levaria a um universo desconhecido.
A visão de Wang Zhaojun sobre a proposta transcendia o seu próprio horizonte pessoal; ela enxergava nesse arranjo a oportunidade de se libertar do vazio do ambiente palaciano e desempenhar um papel essencial.
Assumindo o título de princesa, trajando um deslumbrante vestido vermelho e portando uma flauta, cuja maestria em tocá-la era notória, Zhaojun partiu corajosamente em sua jornada.
De acordo com Christina Warinner, pesquisadora do Departamento de Antropologia da Universidade de Harvard, embora a história de Zhaojun seja envolta por elementos lendários, ela enfatiza que os Xiongnu e a dinastia Han estavam comprometidos em estabelecer acordos de paz por meio de casamentos.
Warinner observa que essas uniões matrimoniais eram frequentemente empregadas na tentativa de solidificar essas reconciliações políticas.
No entanto, Warinner também destaca que, apesar dos esforços repetidos, os Xiongnu e a dinastia Han encontraram desafios substanciais para alcançar uma paz duradoura.
Em uma virada surpreendente por volta de 200 a.C., uma época caracterizada por intensa atividade e tumulto, as circunstâncias levaram à convergência de dois grupos, culminando na formação do chamado Império Xiongnu.
Este império, contemporâneo aos impérios romano e egípcio da antiguidade, emergiu como um adversário anterior ao vasto império chinês.
Os anais dos historiadores chineses preservam relatos de confrontos brutais, marcados por batalhas inclementes nas quais até 300 mil arqueiros exímios a cavalo, pertencentes ao povo Xiongnu, lançaram repetidos ataques sobre o território setentrional da China.
De toda forma, essa união improvável acabou fortalecendo o Oriente e gerou frutos como a imponente Grande Muralha da China, que começou a ser erguida nesse período.
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