Pesquisa Datafolha aponta: pais são a favor da proibição dos celulares em aula

Debate sobre proibição de celulares nas escolas cresce; 65% dos pais apoiam a iniciativa do MEC.

O debate sobre a proibição de celulares nas escolas tem se intensificado com a proposta do Ministério da Educação (MEC) de criar um projeto de lei para banir o uso de celulares nas instituições de ensino, tanto públicas quanto privadas.

A iniciativa visa regulamentar a restrição do uso desses aparelhos dentro das salas de aula em todas as esferas governamentais — federal, estadual e municipal.

O principal argumento do MEC é que o uso de celulares durante as aulas prejudica o foco dos alunos, impactando negativamente o processo de aprendizado.

Uma pesquisa recente do Datafolha revelou que a maioria dos pais brasileiros apoia essa iniciativa. Dos entrevistados, 65% dos pais de crianças e adolescentes até 18 anos concordam com a proibição dos celulares nas escolas.

O apoio é ainda maior entre os pais de crianças com até 12 anos, chegando a 78%, quando questionados sobre o impacto do celular no desempenho acadêmico.

Impacto no aprendizado

A pesquisa também destacou que 76% dos brasileiros acreditam que o uso de celulares traz mais prejuízos do que benefícios ao aprendizado de crianças e adolescentes.

Entre os pais, essa preocupação é ainda mais evidente, com 78% afirmando que o aparelho representa uma distração prejudicial ao desenvolvimento acadêmico.

As mães, em particular, demonstram maior apreensão, com 78% delas expressando a opinião de que o celular atrapalha o aprendizado, em comparação com 73% dos pais homens.

Essa preocupação é reforçada por estudos internacionais citados pelo MEC, que mostram que o uso de dispositivos móveis em sala de aula está associado à queda no desempenho escolar.

As distrações causadas pelo fácil acesso às redes sociais e jogos, além de conteúdos inadequados, são apontadas como os principais fatores de interferência no aprendizado.

Uso de celulares pelos alunos

Outro ponto abordado pela pesquisa é o acesso dos jovens aos celulares. Entre os pais de crianças de até 12 anos, 43% afirmaram que seus filhos já possuem um aparelho próprio.

Já para os adolescentes de até 18 anos, esse número sobe para 50%. Essa realidade levanta uma preocupação adicional sobre o controle do uso desses dispositivos tanto dentro quanto fora da sala de aula.

A pesquisa também mostra diferenças de opinião entre faixas etárias e níveis de escolaridade. Entre os que possuem ensino superior, 69% são favoráveis à proibição, enquanto entre os que têm apenas ensino fundamental, o apoio é um pouco menor, de 59%.

Essas variações indicam que quanto maior o nível de escolaridade, maior a consciência sobre os potenciais prejuízos do celular no ambiente escolar.

Influência política e apoio ao banimento

Curiosamente, a pesquisa Datafolha revelou que a polarização política não interfere de forma significativa na opinião dos brasileiros sobre o tema.

Tanto entre os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto entre os do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o apoio à proibição é semelhante — 61% dos lulistas e 63% dos bolsonaristas são favoráveis à medida.

Além disso, o projeto de lei que está sendo elaborado pelo MEC é visto como uma resposta à crescente demanda da sociedade por um ambiente escolar mais disciplinado e focado.

Estados como o Ceará já implementaram legislações semelhantes, o que serve de inspiração para a proposta nacional.

O MEC planeja, além da proibição, incluir exceções para o uso pedagógico dos celulares, caso haja autorização dos professores, e inserir a educação midiática como parte do currículo, com o objetivo de ensinar os alunos a utilizarem as mídias de forma crítica e saudável.

*Com informações de Porta Terral e Folha de São Paulo.

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