IMC está errado? Conheça a nova metodologia de avaliação de riscos à saúde

Uma nova abordagem para medir riscos à saúde desafia o tradicional índice de massa corporal, prometendo avaliações mais precisas.

Há quase dois séculos, o estatístico belga Adolphe Quételet introduziu a famosa fórmula do índice de massa corporal (IMC). Desenvolvida para avaliar a normalidade do peso corporal, essa fórmula tornou-se uma ferramenta universal na década de 1970. Ainda hoje, é utilizada por profissionais da saúde para determinar se uma pessoa está com o peso adequado.

Contudo, o IMC enfrenta desafios à sua eficácia. Recentemente, surgiu uma nova equação, o índice de redondeza corporal (BRI, na sigla em inglês), que surge como uma alternativa alegadamente mais assertiva.

Este método é considerado mais preciso, especialmente ao avaliar riscos cardíacos, ao incluir a medida da gordura abdominal no cálculo. Este avanço representa um passo substancial na avaliação da saúde.

No que consiste o índice de redondeza corporal?

O índice de redondeza corporal, desenvolvido em 2013, utiliza a medida da cintura para fornecer uma estimativa mais precisa da gordura corporal.

Este enfoque oferece uma visão detalhada sobre a gordura armazenada ao redor dos órgãos, destacando-se em relação ao IMC. Esse novo índice é especialmente importante para mapear doenças relacionadas ao excesso de peso.

Uma pesquisa da Universidade de Nanquim, na China, acompanhou quase 10 mil indivíduos com 45 anos ou mais entre 2011 e 2016, utilizando o BRI em suas análises.

Este estudo revelou que números elevados no BRI estão associados a um risco 163% maior de complicações cardiovasculares. A investigação foi divulgada pelo Jornal da Associação Americana do Coração.

O IMC vai perder o seu trono? – Imagem: reprodução

Considerações e precauções na aplicação do BRI

Ainda que os resultados sejam promissores, o principal autor do estudo supracitado, Yun Qian, sublinha a necessidade de mais pesquisas para validar o uso do BRI em práticas preventivas. Especialistas alertam que o IMC, mesmo com suas limitações, ainda é um método de triagem útil.

O endocrinologista Bruno Geloneze, da Unicamp, acredita que o BRI pode complementar o IMC, oferecendo uma visão mais completa sobre a distribuição de gordura e suas implicações para a saúde.

Porém, a simplicidade e a acessibilidade dos métodos de medição ainda são desafios no contexto das consultas médicas, especialmente nos serviços primários de saúde.

Para além dos números: a conscientização como ferramenta de saúde

Entidades médicas defendem uma abordagem mais abrangente para avaliar riscos à saúde, especialmente em pacientes de alto risco. Nesse caso, ferramentas como o IMC e o BRI seriam apenas parte do processo.

Além das fórmulas matemáticas, é crucial, de acordo com diversos especialistas, desenvolver estratégias que promovam a conscientização e o incentivo ao autocuidado.

No Brasil, desafios como o controle inadequado de diabetes, colesterol e hipertensão persistem, apesar do sucesso na redução do tabagismo e outras práticas nocivas.

Weimar Kunz, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, destaca que uma combinação de fatores é essencial para enfrentar as pandemias de obesidade, doenças crônicas, como o diabetes, e doenças cardiovasculares.

* Com informações da revista Veja

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