Qual corte de carne ficou mais CARO em novembro? Adiantamos: não foi a picanha
A variação nos preços das carnes contribuiu para o aumento do IPCA em novembro, com destaque para cortes bovinos menos nobres.
O aumento dos preços das carnes foi um dos principais responsáveis pela alta no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em novembro. Embora o índice tenha apresentado uma leve desaceleração em relação a outubro, passando de 0,56% para 0,39%, os produtos alimentícios, especialmente as carnes, tiveram um impacto significativo na inflação oficial brasileira.
Segundo os dados do IBGE, o IPCA do último mês foi influenciado, além dos setores de Transportes e Despesas Pessoais, pelo aumento de 8,02% no grupo Alimentação e Bebidas. Dentro desse segmento, cortes bovinos como patinho e acém lideraram as altas, desmistificando a ideia de que apenas a picanha estaria em alta.
A picanha, por sua vez, teve um aumento de 3,06% no mês de novembro, acumulando uma alta de 7,80% nos últimos 12 meses. O tema se tornou um ponto de debate político devido às promessas de campanha relacionadas à queda de seu preço em um eventual novo mandato presidencial.
Aumento expressivo dos cortes bovinos
Foto: BearFoto/Shutterstock
Entre os cortes bovinos, o peito destacou-se com um aumento de 13,14% apenas em novembro. O acém e o patinho também acompanharam essa tendência, com crescimentos de 8,87% e 8,39%, respectivamente. Apenas o fígado bovino registrou queda de preço ao longo do ano.
As variações percentuais observadas em 12 meses, no ano corrente e no mês de novembro para diferentes cortes de carne são as seguintes:
- Fígado: apresentou uma redução de -3,62% em 12 meses, -3,14% no ano, mas registrou alta de 1,52% em novembro.
- Cupim: registrou aumento de 6,57% em 12 meses, 5,29% no ano e 5,94% no mês de novembro.
- Contrafilé: teve alta de 14,41% em 12 meses, 13,80% no ano e 7,83% no último mês.
- Filé-mignon: apresentou variação positiva de 8,40% em 12 meses, 7,98% no ano e 6,55% em novembro.
- Chã de dentro: subiu 15,43% em 12 meses, 15,56% no ano e 8,57% em novembro.
- Alcatra: registrou variação de 15,91% em 12 meses, 14,56% no ano e 9,31% no último mês.
- Patinho: apresentou alta significativa de 19,63% em 12 meses, 18,61% no ano e 8,39% em novembro.
- Lagarto redondo: teve aumento de 8,29% em 12 meses, 9,84% no ano e 8,08% no mês de novembro.
- Lagarto comum: apresentou crescimento de 16,91% em 12 meses, 15,50% no ano e 8,75% no mês de novembro.
- Músculo: registrou aumento de 13,94% em 12 meses, 14,01% no ano e 8,01% no último mês.
- Pá: subiu 15,12% em 12 meses, 15,83% no ano e 7,49% no mês de novembro.
- Acém: apresentou variação positiva de 18,33% em 12 meses, 18,61% no ano e 8,87% no último mês.
- Peito: registrou alta de 17,00% em 12 meses, 17,63% no ano e 13,14% no mês de novembro.
- Capa de filé: apresentou variação de 10,13% em 12 meses, 9,74% no ano e 9,41% em novembro.
- Costela: teve aumento de 14,24% em 12 meses, 14,29% no ano e 7,83% no mês de novembro.
- Picanha: registrou uma alta mais moderada, de 7,80% em 12 meses, 4,93% no ano e 3,06% em novembro.
- Carne de porco: subiu 17,16% em 12 meses, 14,89% no ano e 6,67% no mês de novembro.
- Carne de carneiro: teve variações menores, com alta de 2,25% em 12 meses, redução de -0,89% no ano e um crescimento de 3,31% em novembro.
Fatores que impulsionam o preço
O gerente do IPCA e INPC, André Almeida, explicou que a alta nos preços das carnes se deve a uma menor oferta de animais para abate e ao aumento das exportações. Esse desequilíbrio no mercado reduziu a oferta interna de carne, elevando os preços.
Além disso, com o real desvalorizado em relação ao dólar, os produtores priorizaram as exportações, resultando em uma queda na oferta doméstica. Essa dinâmica fez com que os preços da arroba da carne atingissem R$ 353, partindo de R$ 196 em setembro de 2023.
Impactos no consumo interno e mercado externo
Ontem, a empresa de nutrição animal DSM-Firmenich destacou que o consumo interno de carne aumentou no segundo semestre de 2024. Ao mesmo tempo, as exportações também cresceram, exacerbando a escassez no mercado interno e impactando nos preços.
Com a pressão nos preços das carnes e seus derivados, espera-se que os consumidores continuem sentindo o efeito no bolso. O cenário reforça a importância de monitorar a oferta e a demanda no mercado nacional e internacional nas próximas semanas.
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