Em 2014, o grupo terrorista Estado Islâmico ganhou destaque na mídia através de ações praticadas entre o Iraque e a Síria. A divulgação de dois vídeos em que jornalistas americanos eram decapitados por integrantes do EI deixou o mundo em choque.
A crueldade com a qual executam os seus opositores os colocou entre as organizações mais temidas da atualidade.
Contexto Histórico
No ano de 2001, mais precisamente no dia onze de setembro, uma sucessão de ataques contra os Estados Unidos rendeu popularidade a um grupo terrorista até então pouco conhecido: a Al Qaeda. Liderada pelo saudita Osama Bin Laden, a organização ganhou fama ao empreender o pior atentado terrorista de todos os tempos.
Após o sequestro de quatro aviões por extremistas islâmicos, os integrantes da Al Qaeda investiram contra o World Trade Center, símbolo do poderio financeiro dos Estados Unidos, o Pentágono, símbolo do militarismo norte-americano e houve também uma tentativa frustrada de atingir a Casa Branca, símbolo político do país. Essas ações deixaram um saldo de três mil mortos e um mundo surpreso que até então acreditava na onipotência norte-americana.
Os atentados de onze de setembro além de colocar em evidência as organizações terroristas, em especial a Al Qaeda, daria início a uma política de perseguição e combate ao terror. Osama Bin Laden tornou-se o inimigo número um do mundo, captura-lo era mais que uma questão de segurança: era uma questão de honra.
Mas enganava-se quem acreditou que eliminando Bin Laden o terrorismo também seria eliminado, sua ideologia já havia sido implantada e disseminada por várias regiões do mundo. A propósito, o terrorismo não foi inventado e nem implantado por Osama, sua organização era apenas uma entre outras tantas que ficaram reconhecidas pela prática do terror na tentativa de implantar uma ideologia que mistura política e religião.
Alguns estudiosos chegaram a garantir após os ataques de onze de setembro que os grupos terroristas se organizavam com a finalidade de destruir os Estados Unidos, representante máximo do capitalismo no Ocidente e símbolo da democracia.
Mas a questão é muito mais complexa e abrangem vários outros fatores. Os grupos extremistas com base religiosos conhecidos também como fundamentalistas islâmicos passam a se organizar na década de 1950 no contexto da Guerra Fria.
A região onde as células terroristas ganharam força: o Oriente Médio era extremamente visado pela abundância em petróleo, as duas superpotências da época tinham interesses econômicos no território.
Na tentativa de impedir a interferência comunista dos soviéticos na região, os norte-americanos financiam e armam governos e grupos rebeldes para lutarem contra a União Soviética.
Até meados dos anos 1980 a influência dos Estados Unidos no Oriente Médio transcorreu como algo normal, porém, no final dessa década os fundamentalistas sentiram se incomodados com a intromissão e iniciaram tentativas de derrubada de governos apoiados pelos norte-americanos.
Na década de 1990 algumas ações terroristas como os ataques contra as embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia, mostraram que os fundamentalistas islâmicos estavam focados na tentativa de tornarem-se conhecidos pela população ocidental.
Origem
Após os ataques de onze de setembro, com a invasão do Afeganistão e dois anos mais tarde em 2003 com a invasão do Iraque por tropas aliadas aos Estados Unidos, às organizações terroristas perderiam força, o que motivaria o surgimento de grupos dissidentes.
Estado Islâmico
As principais organizações terroristas da atualidade são: Al Qaeda, Al Qaeda do Iêmen, Boko Haram, Hamas, Talibã, Estado Islâmico (EIIS), entre outras. O Estado Islâmico é uma organização dissidente, se separou da Al Qaeda após a invasão norte-americana no Iraque e ganhou notoriedade em 2014 por empreender ações extremamente bárbaras que chegaram a ser questionadas por sua célula mãe.
Entre os grupos citados, o EI se transformou no mais poderoso, estimativas dão conta de que 200.000 estão alistados no seu exército. É difícil apontar um número exato de “soldados” dessa organização, pois muitos atuam silenciosamente e outros tantos se instalaram também no Ocidente.
Uma das grandes preocupações referentes à expansão do Estado Islâmico é a adesão de pessoas não ligadas à causa islâmica, o que pode facilitar a infiltração dos terroristas nos países ocidentais. Uma das estratégias do EL é impor o respeito através do medo, o mundo conheceu essa organização em 2014, na ocasião dois jornalistas norte-americanos foram sequestrados e decapitados em frente às câmeras.
O vídeo se espalhou pelos quatro cantos do planeta, a crueldade desse ato seria seguida por várias outras ações, os métodos variavam e chamavam a atenção pela barbárie. Inimigos crucificados, decapitados, fuzilados, crianças assassinadas a revelia, mulheres estupradas, cidades inteiras destruídas, esse é o resultado da expansão desse grupo.
Objetivos do Estado Islâmico
A intenção do Estado Islâmico é comandar as regiões dominadas através de um califado, governo baseado na sharia, leis islâmicas tradicionais deixadas pelo profeta Maomé. Com a morte do fundador do islamismo em 632, seus seguidores deram continuidade ao seu governo, os califas se diziam representantes de Maomé.
O califado se caracteriza por um Estado com forte base religiosa, inspirado no Al Corão, o livro sagrado do islã. O islamismo se divide entre duas principais correntes: o islamismo xiita e o sunita. Os primeiros acreditam que o califado é hereditário, que os seus líderes devem fazer parte da linhagem do profeta. O segundo defende um governo imposto por eleições entre os líderes mais influentes do islã. O islamismo do EI segue a linha dos sunitas.
Dois episódios contribuíram para o fortalecimento do Estado Islâmico: a saída das tropas americanas do Iraque e a Guerra Civil na Síria. O EI acredita estar em uma guerra santa (jihad) e seu objetivo é construir um califado em regiões ocupadas no Iraque e na Síria, aos poucos dominando todo o Oriente Médio e outros países, inclusive na Europa.
Toda influência externa que vá contra o islamismo original, deve ser combatido, e aqueles que se neguem a seguir a religião nos moldes empregados pelo líder do Estado Islâmico deve ser eliminado. Muitos monumentos e prédios históricos construídos nas regiões ocupadas por esses terroristas aos poucos estão sendo destruídos, o que causa grande indignação na comunidade internacional.
As principais cidades iraquianas que estão atualmente sob o domínio do EI são: Mossul, Tal Afar, Kirkuk e Tikrit. Na Síria, a dominação imposta pelo EI motivou milhões de pessoas a buscarem refúgios em outros países, principalmente na Europa. A situação é desoladora, todos os dias centenas de pessoas são assassinadas por esses terroristas, que se aproveitam da fragilidade das regiões dominadas para impor um governo baseado no medo.
Vários bombardeios comandados pelos Estados Unidos já foram empreendidos contra os territórios onde o Estado Islâmico se instalou, mas até o momento as ações vêm se mostrando ineficientes.
A disseminação dessas organizações fundamentalistas fez aumentar o preconceito contra a religião muçulmana, mas que fique bem claro que a maioria dos seguidores do islã é contrária as ações terroristas.
Apesar dos jihadistas dizerem estar em uma guerra santa, os motivos de sua barbárie vai muito além dos princípios religiosos, essa é só uma desculpa para acobertar os seus anseios políticos e econômicos nas regiões dominadas. O que o Estado Islâmico e os outros grupos terroristas fazem, é uma deturpação do Al Corão em benefício próprio.
Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia
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