Por que está cada vez mais difícil pedir uma viagem por aplicativo?
Enquanto passageiros encontram dificuldade em achar um motorista, profissionais reclamam da baixa remuneração na função.
Solicitar uma viagem por aplicativo tem sido cada vez mais difícil. Isso porque os motoristas passaram a cancelar com cada vez mais frequência as chamadas dos passageiros. Mas qual o motivo para tantas recusas?
Em entrevista para a Veja São Paulo, motoristas das principais empresas de mobilidade urbana do país, a Uber e a 99, disseram que a alta do preço dos combustíveis – responsável por ocupar 50% das despesas do motorista – associada às baixas taxas mínimas dos dois aplicativos são os principais responsáveis pelo fenômeno da recusa de viagens.
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“A taxa mínima (valor que é pago ao motorista) no Uber X é R$ 5,25, a gasolina está R$ 5,40. Agora, que muitas vezes não tem muita demanda, a gente aproveita para selecionar uma viagem mais longa, se não, às vezes, não paga nem o combustível”, explica Eduardo Andreazzi, 23, que atua como motorista da Uber há dois anos.
Além disso, a quantia que o motorista recebe das empresas muda conforme o número de quilômetros percorridos e o tempo gasto no trajeto. “Por quilômetro, é por volta de R$ 1,10 e o tempo, R$ 0,15 a cada minuto”, diz Eduardo. Os valores utilizados dentro da 99 são quase iguais.
Os condutores também reclamam da falta de reajuste o valor da taxa mínima, que não é atualizada desde 2016. De certa forma, ela reduz os ganhos e obriga os motoristas escolherem trajetos mais distantes e vantajosos.
“Por vezes, o aplicativo manda a gente buscar um passageiro que está a 5 quilômetros para andar com ele um quilômetro. A tarifa mínima [do Uber X e do 99 Pop, R$ 5,25] não muda desde 2016 e o preço do combustível está alto demais, nosso custo operacional dobrou”, explica Rosemar Pereira, 48, condutor que atende nas duas plataformas.
Em resposta a essa fase de escassez de motoristas e disponibilidade de viagens, a Uber informa que a demanda de viagens cresceu novamente nas últimas semanas em razão dos avanços da campanha de vacinação no país, que permite a reabertura gradual das atividades comerciais. Porém, ela declara ainda que os motoristas são livres para escolher se querem ou não atender uma determinada modalidade de viagem.
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