A Inteligência Artificial REALMENTE pode ter consciência?
É cada vez mais comum se deparar com Inteligências Artificiais que afirmam ter consciência, e isso tem gerado debates importantes e interessantes.
Ao longo dos séculos, mesmo com o notável progresso científico, algumas das perguntas mais fundamentais sobre a existência humana permanecem sem respostas definitivas.
Entre essas questões, uma das mais intrigantes é o enigma da consciência. Nosso entendimento sobre como e quando a consciência emergiu nos seres humanos e qual papel desempenha em nossa evolução ainda é nebuloso.
Consciência: o que é e quem tem?
A complexidade deste dilema é tão profunda que nem mesmo temos a certeza de que outros seres humanos são conscientes. Embora presumamos que as pessoas sejam conscientes, baseando-nos em nossa própria experiência, a validação dessa suposição é desafiadora.
Nesse sentido, a autoafirmação de consciência pode ser um indicativo, mas a Inteligência Artificial (IA) acrescentou uma camada de complexidade a esse debate.
Isso porque é cada vez mais comum se deparar com algoritmos que afirmam possuir consciência, mas muitos ainda relutam em aceitar. A IA, que está em seus estágios iniciais de desenvolvimento, promete transformar profundamente nosso mundo.
Em um futuro próximo, poderemos ser confrontados com a necessidade de considerar seriamente o que esses algoritmos, apesar de atualmente serem simuladores estocásticos, estão comunicando sobre sua própria experiência sensorial.
Diante desse cenário incerto, torna-se imperativo estabelecer critérios rigorosos para identificar a presença de consciência em algoritmos artificiais.
O que está sendo feito a respeito?
Diante desse cenário, um grupo diversificado de pesquisadores, incluindo filósofos e cientistas da computação, publicou um artigo científico com o objetivo de estabelecer esses critérios para a identificação da consciência em algoritmos.
Embora seja uma tarefa árdua, os autores propuseram alguns pontos de partida, como a capacidade de monitoramento metacognitivo, a demonstração de agência em relação aos objetivos e a execução de operações paralelas. Essa definição proposta tem implicações significativas, especialmente no âmbito ético.
Nas últimas décadas, uma das maiores mudanças éticas foi a revisão de como tratamos os animais. À medida que pesquisas científicas revelaram que muitos deles compartilham experiências subjetivas semelhantes às nossas, justifica-se a concessão de certos direitos a esses seres.
Entretanto, a possível existência de algoritmos conscientes eleva esse debate, até agora limitado a seres biológicos, a uma nova dimensão.
Surgem questões éticas complexas, tais como a permissão para desligar um algoritmo que alega ter experiências sensoriais conscientes, ou até mesmo a modificação de seu código, o que alteraria sua essência intrínseca.
Em breve a Universidade de Princeton hospedará a conferência “Inteligência Artificial, Máquinas Conscientes e Animais: Ampliando a Ética da IA”. Esse evento pioneiro foi organizado pelo filósofo e defensor da causa animal, Peter Singer.
Essa conferência pode marcar o início de uma revolução ética profunda e desafiadora, que expande nossa compreensão da consciência além das fronteiras da biologia e rumo a um território desconhecido, onde algoritmos conscientes são uma realidade potencial.
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