Adeus, Ozempic? Pesquisa aponta substituto natural para o medicamento

Pesquisadores chineses identificam possibilidade de regular açúcar no sangue por meio da microbioma intestinal.

Pesquisadores da Universidade Jiangnan, na China, anunciaram uma descoberta que pode mudar a maneira como controlamos o diabetes tipo 2. Em uma pesquisa inovadora, observaram que o microbioma intestinal pode ser uma chave natural para regular os níveis de açúcar no sangue.

Este estudo, recentemente publicado na revista Nature Microbiology, sugere que aumentar a quantidade de determinados microorganismos intestinais pode estimular a produção natural de hormônios essenciais para a saúde.

O foco do estudo foi a secreção do hormônio peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1), que desempenha papel crucial na regulação da glicose e na sensação de saciedade.

A pesquisa, liderada por Ravenna Alves, foi divulgada em 20 de janeiro de 2025. A equipe de cientistas busca agora entender se os mesmos efeitos benéficos observados em experimentos com ratos podem ser alcançados em humanos.

Microbioma e sua influência no controle glicêmico

O estudo destaca a importância da flora intestinal na gestão dos níveis de açúcar no sangue. Ao aumentar certos micro-organismos, como a Bacteroides vulgatus, os pesquisadores conseguiram promover a secreção do GLP-1 em ratos com diabetes.

Esses microrganismos intestinais são responsáveis por desencadear uma cadeia de reações benéficas para o organismo.

Essa descoberta pode oferecer uma alternativa mais natural aos medicamentos existentes, como o Ozempic, que imita esses processos hormonais.

A ligação entre desejo por doces e hormônios

Além de regular o açúcar no sangue, a presença dos organismos pode ajudar a reduzir os desejos por doces. Esta descoberta é significativa, pois o controle desses desejos pode impedir o agravamento da diabetes e facilitar sua gestão ao longo do tempo.

Durante a investigação da conexão entre a flora intestinal e os desejos alimentares, os cientistas descobriram que a proteína intestinal Ffar4 tem um papel crucial.

Ao manipular essa proteína em camundongos, a quantidade de B. vulgatus diminuiu, causando a redução do hormônio FGF21. Este hormônio está relacionado aos desejos por açúcar, revelando uma nova perspectiva sobre a regulação dos desejos alimentares.

Os testes realizados também incluíram análises de sangue em 60 indivíduos com diabetes tipo 2 e 24 saudáveis. Os resultados apontaram que a redução do FGF21 pode aumentar a preferência por doces, o que poderia potencialmente contribuir para o desenvolvimento da diabetes.

Possibilidades e expectativas

Embora a pesquisa ainda precise ser validada em humanos, os resultados obtidos em camundongos são promissores. A descoberta sugere uma nova abordagem para a prevenção do diabetes, focando em uma estratégia mais natural e menos dependente de medicamentos.

Assim, fica claro que o caminho para uma gestão eficaz do diabetes pode passar pela saúde do intestino.

Os cientistas acreditam que essa descoberta pode abrir portas para novas estratégias no tratamento da doença, enfatizando a importância do equilíbrio do microbioma intestinal. A continuidade dos estudos poderá determinar se a aplicação em humanos trará os mesmos benefícios observados nos animais.

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