África Austral
A região que tem a África do Sul como primeira potência regional abriga uma diversidade de povos, culturas e contrastes.
A África Austral (ou África Meridional) é a região mais ao sul do continente africano. O termo geralmente reúne os países Angola, Botswana, Suazilândia, Lesoto, Malawi, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Zâmbia e Zimbabué.
Cultura e povos
Existem dezenas de grupos étnicos diferentes na África Austral. Zulu, xona, xhosa, tswana e tronga são aqueles com mais integrantes. Chama a atenção a presença de aproximadamente 9 milhões de habitantes descendentes de colonos europeus vivendo na região, como Africâners e pessoas de etnias miscigenadas que falam línguas indo-europeias. Dois exemplos de culturas originais do local são:
Zulu
A maior população da África Austral é a do povo Zulu, com 12 milhões de pessoas. Os zulus, como outros povos do sul da África, falam uma língua integrante do grupo Bantu. Essas são línguas complexas, famosas pelo uso de diversos tipos de “cliques” vocais como consoantes.
Hoje habitando a província KwaZulu-Natal, os zulus já formaram um grande império por volta de 1818 sob o líder Shaka, que unificou diversas tribos. As forças militares de Shaka causaram um dos mais conturbados períodos na região, o Mfecane (ou Difaqane ou Lifaqane).
Com um número de exércitos sem precedentes, possibilitado pela introdução de alimentos como o milho, Shaka iniciou uma guerra generalizada contra outros povos que inverteu a ordem social e levou a criação de estados como o moderno Lesoto.
O império zulu tentou resistir à dominação britânica nas guerras Anglo-Zulu (1879), mas foi derrotado e dividido em treze territórios menores, absorvidos pela Colônia de Natal.
Sob o apartheid, os zulu perderam suas cidadanias sul-africanas, sendo alocados como KwaZulu (kwa significando “lugar de”). Centenas de milhares de zulus foram desalojados e forçosamente transferidos para os chamados “bantustões”. Em 1994, KwaZulu unificou-se com a província de Natal.
Os Zulu são conhecidos pelas conquistas de Shaka, pelos costumes tribais como danças, alimentos e ritos, bem como pela luta contra o apartheid.
Xona
O segundo grupo mais populoso, com 10.6 milhões de integrantes. Esse grupo étnico Bantu é nativo do Zimbabwe e países vizinhos. São conhecidos pelo trabalho em ferro, pedra, cerâmica e na música, sendo deles a criação do instrumento mbira.
O termo Xona foi cunhado durante o Mfecane como uma forma pejorativa para se referir a tribos não-nguni. Esse povo tem tradição agropastoril e sobrevive de colheitas de sorgo (na era moderna substituída pelo milho), inhame, feijão, banana, e outros.
Sorgo e milho são usados para preparar o prato principal, um mingau espesso chamado Ugali e a tradicional cerveja, chamada hwahwa. As habitações tradicionais são chamados de “musha”.
Economia
Economicamente, a exportação de metais e diamantes constitui a principal atividade, já que a África Meridional possui a maior quantidade de platina e os elementos do grupo da platina, cromo, vanádio e cobalto, bem como urânio, ouro, titânio, ferro e diamantes. A África do Sul é a potência dominante, com um PIB muitas vezes maior do que o dos outros países da região.
Geografia e meio ambiente
A África Austral tem uma grande diversidade de biomas, incluindo pradarias, savanas, karoo (região semi-desértica da África do Sul) e outras. Houve destruição de algumas ecorregiões em decorrência da ocupação humana e da mineração.
Além disso, a exaustão do solo por atividades agriculturais têm ocasionado uma grave desertificação na África Austral. Entretanto, ainda restam números significativos de várias espécies da megafauna vivendo de forma selvagem na região, como o rinoceronte branco, leão, leopardo africano, impala, kudu, gnu azul e elefante.
Desafios
O colonialismo deixou problemas históricos para o desenvolvimento da região. Alguns dos países da África como o Moçambique e Malawi estão entre aqueles com menor Índice de Desenvolvimento humano do mundo (posições 180 e 171, respectivamente).
A pobreza, a corrupção e o HIV são alguns dos fatores que impedem o crescimento econômico. Enquanto a maioria dos países teoricamente adota alguma forma de presidencialismo ou parlamentarismo, o estabelecimento da democracia de fato continua sendo um dos objetivos na região.
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