Alienação parental: o que é e quais as consequências para os filhos?

A prática é considerada crime previsto em lei no Brasil e consta da criação de sentimentos negativos em relação a um dos genitores.

Antes de começarmos com o assunto deste post, sugerimos assistir a um pequeno vídeo. Vamos lá?

Como pode ser visto, o trecho acima é o trailer do filme “Pelos Olhos de Maise”. Estrelado por Julianne Moore e Alexander Skarsgard, o longa trata do divórcio conturbado dos pais da pequena Maise e as consequências psicológicas que pode causar na criança.

Porém, mais do que a separação, sozinha, o filme aborda um assunto muito complicado: o da alienação parental.

O divórcio de um casal com filhos traz, por si só, sofrimento de graus variados nos pequenos, desde culpa, saudade, tristeza e sentimento de disputa. A coisa fica ainda mais séria quando os cônjuges ou terceiros passam a nutrir sentimentos negativos na criança em relação a um dos genitores.

Basicamente, esse é o conceito da alienação parental, mas, está longe de ser só isso. Considerado crime pela Legislação Brasileira, trata-se de uma das ações mais cruéis que pais e familiares podem tomar perante um processo de separação.

A seguir, trataremos um pouco mais a fundo da alienação parental e as consequências que pode trazer para os filhos.

O que é a alienação parental?

A Lei nº 12.318/2010, mais conhecida como Lei da Alienação Parental, reza o seguinte:

“Alienação parental consiste na interferência psicológica provocada na criança ou adolescente por um dos seus genitores, avós, tios ou qualquer outro membro da família que também esteja responsável pela sua guarda e vigilância”.

A alienação parental é considerada crime por ferir o direito da criança de ter uma convivência familiar saudável.

Essa interferência pode ser representada pelo afastamento da criança frente ao outro genitor no intuito de provocar sentimentos negativos e desavenças. O tema foi estudado pelo psiquiatra norte-americano Richard Gardner que propôs o termo Síndrome da Alienação Parental (SAP).

A situação acontece quando pai, mãe ou terceiros promovem o rompimento dos laços afetivos por meio de uma espécie de “lavagem cerebral”. De acordo com a psicóloga jurídica Andreia Calçada, o ódio nutrido dentro de um litígio é um dos fatores que desencadeiam esse tipo de atitude. As práticas mais comuns de anular a presença do outro são:

  • Ocultar fatos e decisões importantes relacionados à rotina dos filhos;
  • Interferir nas visitas;
  • Atacar a relação entre o filho e o outro genitor, fazendo com que haja a escolha entre a mãe ou o pai;
  • Construir a imagem seriamente negativa do outro genitor;
  • Falsas acusações de violência;
  • Desqualificar a conduta do genitor como pai ou mãe;
  • Dificultar o exercício da autoridade parental ou, ainda, da convivência e relacionamento;
  • Mudar o domicílio para lutar distante sem justificativa.

A questão não pode, entretanto, ser vista de forma superficial. O processo de separação pode ser doloroso de tal forma que o genitor ou pessoas próximas não conseguem separar as qualidades conjugais das parentais.Isso significa que um pai ou mãe pode afastar o filho do outro na impressão de estar protegendo-o.

Com o tempo, a manipulação dos sentimentos da criança ou adolescente se transformam em um transtorno que alteram a sua consciência. Como resultado, há a destruição do vínculo entre filhos e pais, variando entre ausência da culpa da criança em acusar o outro genitor até o rompimento da relação.

As consequências da alienação parental

Andreia explica que, no Brasil, há certa restrição ao se tratar da Síndrome de Alienação Parental por não se tratar, exatamente, de uma doença, mas, de dinâmica familiar. O fato é que, sendo doença ou não, a questão traz sérias consequências na criança ou adolescente e, também, no genitor atacado.

Nos filhos, podem vir a aparecer distúrbios dos mais variados tipos, como:

  • problemas psicológicos: ansiedade, pânico e depressão
  • problemas de relacionamento
  • baixa auto estima
  • dificuldades de adaptação a ambientes sociais
  • mudanças de comportamento: violação a regras, emoções instáveis, tendência ao isolamento e agressividade
  • sentimento de divisão interna e culpa por achar que deve escolher entre o pai ou a mãe

No genitor, os problemas não são muito menores e podem envolver transtornos de personalidade e psicológicos.

E como evitar a alienação parental? Isso é possível? Sim, mesmo nos casos de divórcio mais conturbados.

O processo de separação é doloroso por ambas as partes e, nem sempre, pais e filhos conseguem superá-lo sozinhos. Por isso, a ajuda profissional é mais que necessária na tentativa de evitar que a mudança logística repentina afete de forma psicológica. A nova dinâmica pode ser aceita de forma mais fácil com a ajuda de um terapeuta.

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