No decorrer da idade contemporânea, uma infinidade de reivindicações sociais refletia a pluralidade de ideias que se espalhava por todo o mundo após a Revolução Francesa. Nesse contexto, as mulheres emergiram liderando um movimento que buscava conquistar os mesmos direitos políticos e sociais que os homens.
Desde os tempos mais remotos, a situação da mulher na sociedade está submetida à vontade do homem. A inferioridade feminina era justificada pela “fragilidade do sexo”, às mulheres se resumia a função de procriar e cuidar dos afazeres domésticos.
Submissas à figura paterna ou a dos maridos, a educação destinada a elas tinha como objetivo prepara-las para a vida reclusa do lar. Até mesmo para sair às ruas se fazia necessária a companhia de alguém, a autonomia feminina era algo desconhecido pelas mulheres.
Fases do Movimento Feminista
O movimento feminista é pautado na tentativa de se conquistar a igualdade de gêneros, e pode ser dividido em três fases:
- a primeira ocorreu no fim do século XIX e início do século XX
- a segunda nas décadas de 1960 e 1970
- a terceira se iniciou na década de 1990 e permanece até a atualidade
As reivindicações das mulheres precisariam transpor a barreira do machismo impregnada culturalmente nas sociedades para caminhar para a conquista de direitos.
Como Surgiu o Movimento Feminista? – Primeira Onda Feminista
Após a Revolução Industrial na Inglaterra, a mulher conquistou espaços mais importantes em setores fundamentais da sociedade. Desde diretoras de grandes empresas até gestoras de instituições educacionais de renome, porém esse mesmo reconhecimento não era estendido no que diz respeito ao direito de votar.
O Sufrágio (direito de participar do processo eleitoral através do voto) era restringido apenas aos homens, à mulher era vista como incapaz de exercer esse direito.
Buscando garantir mais essa conquista, o movimento feminista ganharia força na Inglaterra no século XIX após a educadora Millicent Fawcett fundar a União Nacional pelo Sufrágio Feminino
A base filosófica das sufragistas eram os ideais iluministas, que apesar de pregarem igualdade, excluíram as mulheres dos direitos a serem conquistados.
As mulheres sufragistas ganharam as ruas da Inglaterra e mostraram a sociedade a sua causa, o objetivo era realizar manifestações pacíficas que fossem capazes de ganhar novas adeptas e atrair a atenção da mídia, no entanto os constantes confrontos com policiais levaram as manifestante a radicalizarem na forma de protestar: uma das maneiras escolhidas para atrair a atenção foi à adesão à greve de fome.
Direito do Voto
O movimento feminino ganharia mais destaque a partir da morte de uma de suas integrantes: Emily Wilding Davison (1872-1913) seria a primeira mártir da causa feminista. Uma das conquistas adquiridas com a morte de Emily foi à conquista das britânicas do direito ao voto.
O primeiro país a estender esse direito às mulheres foi à Nova Zelândia. No Brasil apesar de alguns Estados concederem o direito de voto às mulheres desde o ano de 1928, o sufrágio foi finalmente garantido durante o primeiro governo de Getúlio Vargas em 1934.
Segunda Onda Feminista
A segunda onda do movimento feminista conseguiu garantir mais visibilidade que a primeira. Novos adeptos se sensibilizaram a causa, as reivindicações se estenderiam a outras áreas sociais.
Se no início o movimento ganhou destaque a partir da busca do direito político, dessa vez as mulheres lutariam por causas que diziam respeito até mesmo pelo direito de autonomia sobre o seu corpo como, por exemplo: direito ao aborto, ao uso de métodos contraceptivos, punição para casos de agressões sexuais e violência de toda ordem física e psicológica, equidade de gêneros e liberdade sexual.
O pano de fundo desses movimentos seria a Guerra Fria, vários movimentos sociais do período se uniram as feministas na busca de seus direitos.
Desde a popularização do movimento feminista na década de 1960, vem se discutindo erroneamente os objetivos de suas lutas. Alguns têm a concepção distorcida da causa, chegando a acreditar que o feminismo é um movimento liderado por mulheres embrutecidas que desejam ocupar o lugar outrora ocupado pelos homens.
A gênese do movimento não é essa, as mulheres não desejam ocupar o lugar do sexo oposto, mas sim ocupar os mesmos lugares que eles e serem respeitadas com suas diferenças.
A causa feminista buscou embasamento em diversos escritores e escolas filosóficas, mas foi no feminismo francês que buscou maior inspiração. Simone de Beauvoir importante escritora francesa e ativista política, inclusive dos direitos femininos foi uma das grandes influenciadoras do movimento.
Seu pensamento pode ser refletido em sua célebre frase: “É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta.”.
Até a década de 1960, as ativistas eram em sua maioria formada por mulheres brancas, a partir da segunda onda do movimento isso começou a mudar com a adesão de mulheres negras, o que expandiu a área de atuação das feministas.
Na década de 1980 em diante o feminismo se uniu a causas de outras minorias, principalmente a movimentos contra a homofobia, muito pelo fato de algumas lideranças do movimento sofrerem descriminação por serem homossexuais.
Terceira Onda Feminista
A terceira onda do movimento feminista iniciada na década de 1990 volta suas forças na luta contra a violência praticada contra a mulher, seja ela física ou psicológica.
Apesar da conquista de leis que punem os agressores sejam eles de dentro ou fora de casa, à cultura machista impregnada na sociedade faz com que essa violência persista.
O grande alvo das feministas são os países em desenvolvimento e os países muçulmanos e africanos, onde as mulheres vivem a sombra dos homens ou sofrem com mutilações impostas em rituais religiosos ou sociais. Uma das características da terceira onda e a necessidade de se entender que existem diferenças de gêneros e elas devem ser respeitadas.
Atualmente muitos debates visam discutir os direitos das mulheres, chamar a atenção sobre as diferenças entre homens e mulheres, celebrar as conquistas já alcançadas e se pensar no que ainda pode ser feito para diminuir a violência contra as mulheres.
O dia oito de março em que se comemora o dia da mulher é um exemplo da importância de dedicação de tempo à causa feminina, muito já foi conquistado, mas há muitas mudanças a serem implantadas. Um dos grandes desafios é abolir o machismo entranhado em nossa sociedade.
No Brasil, a Lei número 11,340, conhecida como lei Maria da Penha representa um grande avanço na luta contra a violência, no entanto necessita-se a sua empregabilidade com maior rigor para que efetivamente funcione.
Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia
Os comentários estão fechados, mas trackbacks E pingbacks estão abertos.