Após 100 anos, Paris finalmente permitirá banhistas no Rio Sena; veja como

Atletas das Olimpíadas competirão no Sena, mas alguns pontos estarão abertos para turistas e moradores locais.

Esqueça a Paris romântica que você vê nos filmes. A capital francesa, na verdade, é como qualquer grande metrópole: cheia de problemas e locais insalubres. Um deles é um dos cartões-postais da cidade, o rio Sena. Ou melhor, era.

Isso porque a prefeitura da Cidade Luz anunciou que, após 100 anos, banhistas finalmente poderão entrar no rio famoso. Para tanto, foi necessário gerar um projeto de 1,4 bilhão de euros (o equivalente a aproximadamente R$ 7,3 bilhões).

A limpeza do local também tem sido acelerada por causa dos Jogos Olímpicos, que acontecerão em Paris em 2024. Nos jogos, atletas disputarão triatlo, maratona de natação e paratriatlo nas águas do rio Sena.

Além disso, até 2025, de acordo com a prefeitura, até três pontos do rio estarão abertos ao público. Confira mais informações abaixo!

Como o rio Sena ficou tão sujo?

Assim como acontece com as grandes capitais, Paris foi crescendo, tendo maior número de casas, maior volume de dejetos e esgoto – tanto residencial quando industrial.

O esgoto de Paris tem uma infraestrutura de drenagem do século 19, que une os restos da água usada nas cozinhas e nos banheiros. Ela flui por túneis subterrâneos para centros de tratamento nas periferias da cidade. No entanto, em tempos de muita chuva, o excesso cai no rio Sena.

Samuel Colin-Canivez, especialista em saneamento que trabalha para a prefeitura parisiense, explicou à BBC News que, caso o Sena não fosse uma “válvula de segurança para o sistema de esgoto”, eventualmente o esgoto voltaria para a casa das pessoas. Com o tempo, a água do rio parisiense foi ficando cada vez mais infectada.

A solução de Paris

Agora, Paris tem um reservatório subterrâneo que armazena o escoamento do esgoto em épocas de muito volume de chuva. O espaço tem capacidade para armazenar o equivalente a 20 piscinas olímpicas.

“Um túnel levará o transbordamento até o reservatório, onde [o esgoto] poderá ser armazenado por um dia ou dois. Tempo suficiente para o sistema se estabilizar novamente. Depois, será escoado normalmente para os centros de tratamento”, explicou Colin-Canivez.

Procurando Nemo, outros peixes e… ratos!

Como é de se imaginar, a sujeira na água tornou-a insalubre não apenas para seres humanos, mas também para outros seres vivos, como os peixes.

Em 1960, conforme publicado pela BBC, apenas três espécies de peixes poderiam ser encontradas por lá – demonstrando o baixo nível de salubridade da água.

Bill François, da federação de pesca de Paris, também ouvido pela BBC, relembrou que já em 1900 os pescados não eram maiores do que um palmo. Hoje, ele garante, “temos entre 30 e 35 espécies de peixes no centro da cidade e bagres com 2 metros de comprimento”.

Os animais estão sendo reintroduzidos no rio Sena graças a associações de pescadores. Além de peixes, moluscos, insetos aquáticos, esponjas, lagostins e até mesmo algas já vivem normalmente nas águas parisienses.

François garante que a água do Sena já está boa o suficiente para nadar, haja vista que está nelas regularmente. No entanto, ele alerta que o movimento tem atraído ratos para o rio também.

Aliás, aí vai mais uma informação para destruir sua imagem de Paris: por lá, ratos são uma praga (em Nova York também, mas falaremos sobre isso em outro momento).

E a situação não é fofa como no filme “Ratatouille”. Eles podem transmitir leptospirose e, eventualmente, repelir banhistas do rio.

Sobre isso, a prefeitura garante que não será um problema, já que estudos mostraram que a quantidade de bactérias dessa doença não está acima do comum. Além disso, garantiram que vão monitorar e tomar medidas acerca da situação dos roedores.

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