Através da ferramenta Pix é possível ver a desigualdade; entenda
Segundo dados, no segundo trimestre de 2021 o Pix obteve o terceiro lugar como meio de pagamento mais usado do país.
Já são aproximadamente 120 milhões de usuários registrados na ferramenta de pagamentos instantâneos Pix, e um recorde de 54,5 milhões de transferências efetuadas em um único dia, de acordo com dados do Banco Central (BC).
Segundo pesquisas, dos 110 milhões de usuários pessoas físicas, cerca de 26 milhões estão no Nordeste, e movimentaram um valor próximo de R$ 44,2 bilhões só no mês de janeiro.
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Já na região Sul, um número próximo a 15,7 milhões utilizam a ferramenta, chegando a um valor total de R$ 47,7 bilhões movimentados. Assim, o Sul centralizou 17,26% da capacidade financeira do país, em contraste dos 16% no Nordeste. Nos meses antecedentes, a situação não foi diferente. Esse exemplo serve para observarmos o contraste da realidade brasileira.
De acordo com o Sistema de Contas Regionais, o último divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Nordeste representa 14,2% do PIB brasileiro, enquanto o Sul chega a 17,2%. Já a região Norte compõe uma parcela de 5,7%, enquanto o Centro-Oeste soma 9,9%, além dos 53% da região Sudeste.
Luciano Nakabashi, professor da FEA-RP/USP e pesquisador do Centro de Pesquisa em Economia Regional (Ceper), observou as diferenças regionais através de pesquisas que estimam o grau de bem-estar dos indivíduos. “Quando igualamos as cidades, avistamos que o Sul, Sudeste e Centro-Oeste possuem melhor distribuição de renda, alta escolaridade e indicadores superiores de saúde”, relata.
Revelado pelo IBGE no mês de novembro do ano passado, o ganho médio domiciliar mensal per capita no Brasil no ano de 2020 foi de R$ 1.349. Conforme o estudo, as regiões que obtém os menores recursos são o Norte (R$ 896) e Nordeste (R$ 891), centralizando suas elevadas quantidades de moradia com beneficiários de programas sociais.
“É evidente que o Pix não irá resolver a situação das diferenças sociais e regionais possuímos, mas é uma ferramenta que ajuda e traz integração”, afirma Rodrigo Henriques, líder de inovações financeiras da Fenasbac (Federação Nacional das Associações de Servidores do Banco Central).
Segundo o Banco Central, em março do ano passado, 34,9% da população presente no CadÚnico, junto com 25,3% dos beneficiários do antigo Bolsa Família, possuíam pelo menos uma chave Pix registrada.
Normalização do Pix
Devido ao grande número de pessoas utilizando a ferramenta, o Pix adquiriu popularidade, tornando-se acessível para qualquer um transferir valores, o que até pouco tempo era restrito apenas ao consumidor de renda elevada.
Segundo dados, no segundo trimestre de 2021 o Pix obteve o terceiro lugar como meio de pagamento mais usado do país. Todavia, o dinheiro ainda é a forma de pagamento preferida dos brasileiros, até mesmo para os indivíduos que preferem aderir ao Pix na hora de receber valores, conforme revelou uma pesquisa do Instituto Locomotiva.
Apesar do sucesso, existem alguns obstáculos para determinados cidadãos, como renda insuficiente e baixa instrução na hora de utilizar a ferramenta. Um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas mostrou que o Pix é utilizado por sete em cada dez brasileiros. A taxa de aceitação é de 64% entre pessoas que recebem até dois salários-mínimos. Esse percentual cai para 53% referente à pessoas que possuem o nível fundamental.
“A evolução das finanças digitais são favoráveis para a democratização dos serviços financeiros, mas a exclusão digital pode acabar alimentando a desigualdade”, diz Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira.
Pix off-line
Após a estreia do Pix Saque e do Pix Troco, o Banco Central anunciou mais uma novidade. Trata-se do Pix Offline, que irá fornecer a possibilidade de efetuar o pagamento sem acesso à internet. Contudo, a nova modalidade ainda não tem data definida para o lançamento.
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