Bets e Jogo do Tigrinho: como jogos de azar têm prejudicado até crianças

Público infantojuvenil está entre os mais vulneráveis a essas iscas digitais que têm causado prejuízo para muitas famílias.

Nos dias de hoje, cada vez mais jovens estão completamente viciados em jogos de azar digitais e casas de apostas online. Afinal, até que ponto esses produtos da nova era digital podem ser nocivos?

Estamos falando de produtos ilegais, como o “jogo do tigrinho” e as famosas bets, e não das casas de apostas esportivas legalizadas no Brasil através da Lei 14.790, de dezembro de 2023.

A seguir, abordaremos os riscos que os mais jovens correm ao se expor a esse tipo de entretenimento e o que pode ser feito para protegê-los.

Malefícios do vício em jogos de azar online

O vício em jogos de azar online traz consigo uma série de malefícios, sendo o mais preocupante o efeito dessa jogatina no cérebro, semelhante ao causado pelas drogas.

Quando uma pessoa participa de jogos assim, há uma liberação intensa de dopamina, o que gera uma sensação de prazer momentâneo.

Isso cria um círculo vicioso, pois o cérebro começa a exigir cada vez mais estímulo para obter o mesmo nível de prazer, levando ao vício.

Crianças e adolescentes ainda estão com o cérebro em desenvolvimento, o que os torna mais suscetíveis ainda a esse processo viciante.

E, ao se tornarem viciados, muitas vezes recorrem a medidas extremas para continuar jogando. Há relatos de menores de idade que roubam para conseguir dinheiro e até criam dívidas e problemas judiciais para seus responsáveis, tudo com o intuito de sustentar o vício.

Em uma fase em que a identidade e a independência ainda estão sendo formadas, os jovens são, também por isso, mais propensos a comportamentos impulsivos e de risco.

A vulnerabilidade dos adolescentes a esse tipo de atividade é ainda exacerbada por fatores sociológicos e psicológicos.

“É um incentivo à dependência, à impulsividade, ao descontrole financeiro. Isso porque pode gerar ansiedade e afetar a saúde mental, o desempenho escolar e a socialização”, disse a professora Ivelise Fortim, da PUC-SP, ao jornal Nexo.

A falta de maturidade emocional e a busca por aceitação social também contribuem para essa vulnerabilidade, tornando essencial a conscientização sobre os perigos dos jogos de azar.

Jogos online são grandes armadilhas para jovens caírem no vício – Imagem: reprodução

Como proteger os jovens desse vício?

Os responsáveis têm um papel crucial na prevenção do vício em jogos de azar. Em primeiro lugar, é necessário conversar abertamente com os jovens, extraindo o que eles pensam sobre o assunto e explicando os riscos envolvidos.

Em paralelo, é vital cortar as fontes de acesso não supervisionado a recursos financeiros, como cartões de crédito, que podem ser a base da jogatina.

Dar exemplo também é crucial. Se você não quer que seus filhos apostem, não aposte. Além disso, monitorar a vida deles, mantendo-se informado sobre suas atividades online, pode ajudar bastante.

Em casos mais extremos, o acompanhamento profissional pode ser necessário, oferecendo suporte psicológico e terapêutico para combater o vício.

O papel da justiça e da sociedade

Especialistas têm visto a proliferação desenfreada de jogos de azar digitais e apostas online com maus olhos, referindo-lhes como antiéticos.

Isso aumenta a pressão por uma repressão à publicidade em massa desses jogos, que está presente em toda parte.

Nas redes sociais, por exemplo, esse é o principal foco. As casas de apostas online são promovidas por influenciadores renomados e jogadores de futebol famosos.

Além disso, atualmente, praticamente todos os clubes de futebol são patrocinados por casas de apostas online, o que aumenta o acesso dos mais jovens a essa publicidade.

Leis como a 14.790 e o Marco Legal dos Jogos Eletrônicos regulamentam atividades relacionadas no Brasil, mas ainda não são documentos ideais para proteger crianças e adolescentes da exposição massiva a jogos de azar.

Por outro lado, é crucial não confundir jogos seguros com jogos de azar que podem causar danos aos mais jovens.

Jogos digitais “sadios”, como de console, mobile e de PC, que estimulam a criatividade, o raciocínio e a cooperação, são alternativas seguras e benéficas.

É essencial que tanto a sociedade quanto a justiça atuem de forma mais rigorosa na proteção dos jovens contra os perigos dos jogos de azar digitais, promovendo ambientes de jogo seguros e regulamentados, além de campanhas de conscientização, fiscalização e educação.

*Com informações do jornal Nexo.

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