Brasil não está imune a recordes de temperatura e ondas de calor; veja as previsões

O Brasil enfrentará ondas de calor intensas e temperaturas recordes devido às mudanças climáticas, apesar de suas características geográficas distintas do Hemisfério Norte.

O Brasil não está imune aos efeitos das mudanças climáticas, conforme apontam especialistas entrevistados pela BBC News Brasil.

Apesar das características geográficas diferentes em relação ao Hemisfério Norte, o país enfrenta o registro de temperaturas recordes e ondas de calor cada vez mais intensas.

Brasil também vai sofrer com as mudanças climáticas

Carlos Nobre, cientista, explica que o país pode ser afetado por ondas de calor intensas, embora o impacto na população possa ser distinto das regiões localizadas no norte do planeta.

Isso se deve ao clima tropical comum no local, ao qual os brasileiros estão mais acostumados, especialmente nas regiões semiáridas do Nordeste.

Segundo André Turbay, professor da PUC-PR e coordenador do ClimateLabs, o clima brasileiro, favorável a temperaturas mais altas, em conjunto com as mudanças climáticas e a degradação de biomas, contribui para verões cada vez mais extremos.

Regiões reconhecidas por seu calor intenso, como o Centro-Oeste, já apresentam uma elevação na temperatura da sensação térmica.

(Imagem: Divulgação)

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) confirmam essa tendência, com o centro-norte de Mato Grosso registrando o recorde de calor no Brasil em novembro de 2020, com 44,8ºC.

No mesmo ano, várias cidades brasileiras bateram recordes de temperatura, como Cuiabá (MT), com 44ºC em setembro e Água Clara (MT) com 44,4ºC em outubro.

Especialistas alertam que a substituição de áreas verdes por grandes áreas agrícolas e a redução de florestas na Amazônia e Cerrado contribuem para eventos climáticos extremos.

A temporada de pouca chuva no Centro-Oeste, Sudeste, Norte e Nordeste, que ocorre de abril a setembro, leva a períodos de aquecimento intenso no final da estação seca.

No Sul do Brasil, os picos de calor acontecem durante o verão, quando a chuva é mais irregular e os dias são mais longos.

Para 2023, é previsto ainda o fenômeno climático El Niño, que pode alavancar as temperaturas acima da média na primavera e no verão, resultando em períodos prolongados de calor intenso.

Embora o Sul possa ter mais dias de chuva devido ao El Niño, eventos extremos ainda são possíveis devido ao aquecimento global dos oceanos.

Especialistas afirmam que eventos extremos, semelhantes aos observados na Europa, podem ocorrer em diferentes momentos do ano no Brasil. Isso é mais provável no Centro-Oeste entre setembro e novembro, e no Sul durante o verão climático (dezembro a fevereiro).

Modelos europeus indicam a possibilidade de o Brasil enfrentar temperaturas de até 3 graus acima da média.

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