A carta de Pero Vaz de Caminha
A carta de Pero Vaz de Caminha é um importante documento que ajuda a construir, entender e problematizar a história do Brasil.
A carta de Pero Vaz de Caminha é um importante documento sobre o descobrimento do Brasil. Ela foi escrita em 1500, mas só foi redescoberta no século XVIII. O título da carta é Carta a el-Rei Manoel sobre o achamento do Brasil.
Pero Vaz de Caminha viajou com os tripulantes das frotas comandadas por Pedro Álvares Cabral. Ele era o escrivão oficial da Coroa Portuguesa.
A carta escrita por Caminha se concentrou a narrar os acontecimentos durante e após a viagem às novas terras, além de comentar sobre as suas primeiras impressões sobre o Novo Mundo.
Essa carta é considerada o primeiro documento redigido no Brasil, por isso é um marco literário para o país.
A carta de Pero Vaz de Caminha
A carta de Pero Vaz de Caminha foi levada à Lisboa por Gaspar de Lemos, comandante da esquadra. Ela permaneceu nos arquivos de Portugal por mais de três séculos.
O documento, que possui sete folhas, foi reencontrado quando a família real portuguesa se muda para o Brasil em 1808, trazendo consigo diversos documentos referentes à corte e suas conquistas.
Encontrada pelo padre e historiador Manuel Aires de Casal, o responsável por reproduzir o conteúdo da carta em sua obra Corografia Brasília, de 1817. Foi a primeira corografia impressa no país.
A versão original da carta se encontra no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, Portugal. A carta foi um dos três testemunhos diretos do descobrimento do país.
Datada de 1° de maio de 1500, o documento narra os apontamentos feitos por Pero Vaz de Caminha sobre a nova terra e seus habitantes. Em meio às considerações, Caminha elogia a natureza do local. Em diversos trechos da carta ele enaltece as belezas naturais da região.
Desde a sua publicação, a carta de Pero Vaz de Caminha tem sido objeto dos mais variados estudos. Ele não aborda nenhuma surpresa com a nova terra, o que levanta o debate sobre a questão da intencionalidade da carta.
Mesmo citando o episódio da tempestade enfrentada pelos tripulantes no Oceano Atlântico, responsável pelo desvio da rota, Caminha não demonstra espanto com as novas terras. Existem estudiosos que acreditam na hipótese de que o rei D. Manoel já sabia da existência do território.
Trechos da carta
Vejamos a seguir alguns trechos da carta de Pero Vaz de Caminha:
“Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos”.
“A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos, narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto.” [….] “Muitos deles ou quase a maior parte dos que andavam ali traziam aqueles bicos de osso nos beiços. E alguns, que andavam sem eles, tinham os beiços furados e nos buracos uns espelhos de pau, que pareciam espelhos de borracha; outros traziam três daqueles bicos, a saber, um no meio e os dois nos cabos”.
“Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados”.
Curiosidades
O termo “descobrimento” é combatido entre os historiadores e estudiosos do Brasil, pois desconsidera a grande quantidade de habitantes indígenas no Brasil antes da invasão europeia.
Adotar esse termo é desprezar a forma violenta e cruel que os europeus chegaram a essas terras, exterminando diversos povos e etnias indígenas.
Saiba mais sobre:
- Brasil Colônia – Resumo, revoltas, atividades econômicas e escravidão
- O Brasil Colonial de Jean-Baptiste Debret
- Ciclo do pau-brasil
Os comentários estão fechados, mas trackbacks E pingbacks estão abertos.