China pode proibir frutos do mar japoneses após despejo de água radioativa de Fukushima

Possível suspensão das importações de frutos do mar japoneses pela China após liberação de água radioativa de Fukushima preocupa autoridades japonesas. Confira!

As autoridades japonesas estão apreensivas com a possibilidade de a China, maior exportador de frutos do mar, suspender as compras desses itens após o início da liberação de água radioativa tratada da usina nuclear de Fukushima, que foi paralisada e está localizada próximo ao mar.

Japão se preocupa com negociações com a China após liberação de água radioativa

(Imagem: AFP)

O órgão regulador nuclear da ONU concedeu esta semana ao Japão a autorização para iniciar o despejo de mais de um milhão de toneladas métricas de água radioativa tratada, quantidade suficiente para encher 500 piscinas olímpicas.

Essa água foi usada para resfriar as barras de combustível da usina de Fukushima após ela ter sido destruída por um tsunami em 2011.

Apesar das garantias japonesas de que a água foi filtrada para remover a maioria dos isótopos e que é segura, a liberação planejada enfrentou oposição tanto interna quanto externa.

A China, que foi o maior comprador das exportações japonesas de frutos do mar no ano passado, é um dos países que impõe restrições às importações de algumas regiões japonesas devido ao acidente nuclear.

Além disso, a China é a crítica mais fervorosa à liberação planejada da água pelo Japão, argumentando que ela ameaça a vida marinha e a saúde humana.

Embora a China não tenha especificado quais medidas tomará caso a liberação ocorra, ela advertiu o Japão de que deve “assumir todas as consequências” de suas ações.

O lançamento da água está previsto para começar nas próximas semanas e deve levar até 40 anos para ser concluído.

Três funcionários do governo japonês e um legislador do partido governista, que falaram sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto, expressaram preocupação com a possibilidade de que a China amplie as restrições aos frutos do mar japoneses. Dois dos funcionários mencionaram a possibilidade de uma proibição geral.

Embora as importações de produtos marinhos japoneses representem uma pequena parcela do mercado chinês, elas são significativas para o Japão, que considera a China um importante mercado.

China, a maior compradora do Japão

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou na quinta-feira que o Japão não consultou completamente a comunidade internacional sobre a liberação da água e que a China prestará muita atenção aos desenvolvimentos e avaliará quaisquer possíveis efeitos para proteger os consumidores.

O Ministério das Relações Exteriores do Japão se recusou a comentar a possibilidade de mais restrições, mas afirmou que o país buscou discussões científicas com a China sobre a liberação da água e continuará a fazê-lo.

A China proíbe a importação de frutos do mar de 10 das 47 províncias do Japão, incluindo Fukushima e a capital Tóquio, além de restringir todas as importações de alimentos e rações de nove delas.

Nas outras províncias, a importação de frutos do mar é permitida, mas os produtos devem ser testados quanto à radioatividade.

Embora a maioria dos frutos do mar capturados pela indústria pesqueira japonesa seja consumida internamente, a China foi o maior comprador das exportações japonesas no ano passado em termos de valor, apesar das restrições.

A China foi responsável por 22,5% das exportações de frutos do mar do Japão, totalizando 87 bilhões de ienes (US$ 604 milhões), seguida por Hong Kong com 19,5% e pelos Estados Unidos com 13,9%.

Na última terça-feira (4), a cidade de Hong Kong, que é governada pela China, anunciou que tomará medidas de controle imediatas, incluindo restrições à importação de produtos aquáticos de províncias consideradas de alto risco, quando o Japão iniciar a liberação da água. A China afirmou que intensificará a vigilância dos oceanos e dos produtos marinhos após o lançamento.

Na Coreia do Sul, onde os consumidores compram sal marinho e outros produtos, também houve a promessa de intensificar a vigilância para acalmar as preocupações, mas não ameaçou expandir as restrições aos produtos japoneses.

Além da pressão do governo local, alguns consumidores chineses têm apelado para boicotes aos produtos japoneses, uma tendência que afetou brevemente o preço das ações da fabricante japonesa de cosméticos Shiseido (4911.T) na semana passada nas redes sociais.

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