Cientistas alertam: geleira Thwaites pode elevar drasticamente o nível do mar
A geleira Thwaites, na Antártida, está derretendo a uma velocidade alarmante, e seu colapso pode resultar em elevações perigosas do nível do mar.
Cientistas têm observado com crescente preocupação o futuro da geleira Thwaites, localizada na Antártida.
Desde 2018, uma equipe da “Colaboração Internacional da Geleira Thwaites” tem estudado de perto esse gigantesco bloco de gelo, frequentemente chamado de “Geleira do Juízo Final” devido ao seu potencial impacto catastrófico no nível do mar.
Em um relatório divulgado em 19 de setembro, os cientistas apresentaram novos dados que reforçam a gravidade da situação. Thwaites está derretendo em um ritmo acelerado e pode estar a caminho de um colapso irreversível, um cenário que traria consequências devastadoras.
Aceleramento do derretimento da geleira os últimos anos
O aumento na velocidade do derretimento foi notado principalmente nos últimos 30 anos, como explica Rob Larter, geofísico marinho da British Antarctic Survey.
“Nossas descobertas indicam que ela está prestes a recuar ainda mais e mais rápido”, consta em uma matéria da CNN.
Se a Thwaites e a camada de gelo da Antártida colapsarem, estima-se que isso poderia ocorrer dentro de 200 anos, o que elevaria drasticamente o nível dos oceanos.
A vulnerabilidade e o impacto global
Os pesquisadores alertam que a geleira Thwaites contém água suficiente para aumentar o nível do mar em até 60 centímetros. Porém, o cenário mais preocupante seria seu papel de “rolha” para a vasta camada de gelo da Antártida.
O colapso completo da Thwaites poderia desencadear uma elevação de até 3 metros no nível do mar, o que afetaria drasticamente regiões costeiras, incluindo cidades como Miami, Londres e áreas do Pacífico, como Bangladesh e as ilhas.
A grande vulnerabilidade da Thwaites, que tem o tamanho da Flórida, é explicada pela geografia da região.
A terra onde ela se encontra inclina-se para baixo, o que significa que, à medida que o gelo derrete, mais gelo é exposto à água quente do oceano, acelerando o processo de derretimento.
Tecnologia de ponta revela dados preocupantes sobre a geleira
Nos últimos seis anos, os cientistas utilizaram diversas tecnologias, como robôs submersos e satélites, para compreender melhor os mecanismos de recuo da Thwaites.
Um dos destaques foi o robô Icefin, que chegou até a base da geleira, revelando que o derretimento está ocorrendo de maneiras inesperadas.
O Icefin detectou que a água quente do oceano está se infiltrando em fendas profundas e acelerando o derretimento do gelo em formações de “escada”, o que torna o futuro da Thwaites ainda mais incerto.
Além disso, os cientistas também analisaram dados históricos para entender como o comportamento da geleira mudou ao longo das últimas décadas.
A pesquisa mostrou que o recuo da Thwaites provavelmente começou já na década de 1940, impulsionado por eventos climáticos naturais, como um poderoso El Niño.
Incertezas e esperança no cenário sombrio
Apesar do cenário ruim, algumas descobertas indicam que o colapso total pode não ser tão iminente quanto se pensava anteriormente.
Modelagens de computador sugerem que, embora exista o risco de instabilidade das plataformas de gelo, as chances de um colapso completo são menores do que se temia.
Contudo, como alerta Eric Rignot, glaciologista da Universidade da Califórnia, Irvine: “Continuo muito preocupado com o fato de que esse setor da Antártida já esteja em estado de colapso”.
Mesmo com os avanços na pesquisa, os cientistas enfatizam que mais estudos são necessários para compreender totalmente o comportamento da Thwaites e determinar se seu recuo é irreversível.
*Com informações da CNN.
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