Cientistas associam consumo de energéticos a problemas cardíacos e mentais em jovens
Nova revisão de 57 estudos revela ligações entre bebidas energéticas e riscos à saúde, instigando especialistas a clamarem por restrições de venda.
Uma análise abrangente de 57 estudos, publicada na revista científica ‘Public Health Journal’ nesta segunda-feira, aponta para uma relação preocupante entre o consumo de bebidas energéticas e uma série de problemas de saúde, especialmente entre jovens.
Pesquisadores do Centro de Pesquisa Translacional em Saúde Pública da Universidade Teesside e da Universidade de Newcastle conduziram o estudo, levando-os a pedir a proibição da venda desses produtos para menores de 16 anos, uma prática permitida tanto no Reino Unido quanto no Brasil.
Conexões entre bebidas energéticas e problemas psicológicos e cardíacos
A revisão incorporou dados de 57 estudos publicados entre janeiro de 2016 e julho de 2022, abrangendo mais de 1,2 milhão de crianças e jovens de 9 a 21 anos em 21 países.
Os resultados revelam uma ligação consistente entre o consumo dessas bebidas e riscos à saúde mental, como ansiedade, estresse, depressão e pensamentos suicidas, além de problemas cardíacos já associados anteriormente.
Imagem: istock/reprodução
A principal autora do estudo, Amelia Lake, professora de Nutrição em Saúde Pública da Universidade de Teesside, destaca a preocupação com os impactos psicológicos dessas bebidas, enfatizando que as bebidas energéticas “estão realmente fazendo mais mal do que bem”.
Os pesquisadores observaram também uma maior propensão a comportamentos nocivos entre os consumidores dessas bebidas, como tabagismo, ingestão excessiva de álcool, uso de outras substâncias, violência, comportamento sexual arriscado e bullying.
A revisão indica que a cafeína, geralmente presente em grandes quantidades nas bebidas energéticas, pode ser um mecanismo plausível para os efeitos negativos observados. A cafeína, combinada com açúcar e outros estimulantes, pode impactar negativamente a saúde geral de crianças e jovens, mediando associações por meio de padrões de sono inadequados e hábitos alimentares não saudáveis.
Os especialistas reforçam a necessidade de restrições na venda dessas bebidas, com a professora Lake enfatizando que “a evidência é clara de que as bebidas energéticas são prejudiciais à saúde mental e física das crianças e jovens, bem como ao seu comportamento e educação”.
No Reino Unido, onde 93% dos participantes apoiaram a restrição de venda para menores de 16 anos em 2019, os pesquisadores pedem ao governo que cumpra seu compromisso e implemente a proibição. A Suécia já proibiu a venda dessas bebidas para menores de idade.
No Brasil, um Projeto de Lei (PL 455/2015) busca proibir o consumo por menores de 18 anos, mas aguarda votação em plenário. A nova pesquisa intensifica o apelo por ações regulatórias para proteger a saúde da juventude em todo o mundo.
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