Como o medo fica ‘grudado’ no nosso cérebro? Cientistas têm resposta

Cientistas de universidade sueca encontraram mecanismo biológico que faz pensamentos de medo e pavor nos acompanharem durante a vida.

Imagine que você tenha assistido a um filme de terror. Com certeza, alguma das cenas pavorosas do roteiro ficarão nos pensamentos por muito tempo, te assustando e te fazendo temer o escuro. Já parou para pensar em como o medo fica “grudado” no nosso cérebro? Cientistas de uma universidade sueca parecer ter a resposta.

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O estudo foi feito em ratos, por cientistas da Universidade de Linköping e publicado no periódico “Molecular Psychiatry”. De acordo com a publicação, um mecanismo biológico identificado pode ser a chave para fazer o medo nos acompanhar por tanto tempo.

Por quê temos medo?

Antes, devemos colocar o medo em pratos limpos e assumir publicamente: ele é importante. É graças a este sentimento que conseguimos escapar de circunstâncias que podem ameaçar nossa vida.

Entretanto, mais do que isso ele passa a ser desagradável. Então, o medo passa a ser empecilho para que vivamos normalmente, como em situações de extrema ansiedade ou de estresse pós-traumático, fazendo com que as pessoas tenham respostas exageradas em momentos de estresse ou quando algum gatilho ativa uma memória de medo.

Como o medo fica grudado no nosso cérebro?

Quando passamos por uma situação que nos causa medo, algumas regiões no nosso cérebro são ativadas. A primeira delas é a amígdala, juntamente com o córtex pré-frontal, regiões que trabalham na regulação emocional.

Para o estudo, os pesquisadores investigaram uma proteína chamada PRDM2,  que suprime a expressão de muitos genes. E é nela que pode morar a resposta de como o medo fica grudado no nosso cérebro.

Antes de continuarmos, precisamos de contexto: cientistas já descobriram que os níveis desta proteína são menos em pessoas com dependência alcoólica, também levando a respostas exageradas em situações de estresse. Como é comum que abuso de substâncias e ansiedade andem lado a lado, pesquisadores suspeitaram de que o mecanismo fosse parecido e tivesse um elo comum.

Para que novas memórias durem, precisam ser estabilizadas e preservadas como memórias de longo prazo no nosso cérebro. Neste estudo, cientistas investigaram os efeitos de níveis reduzidos de PRDM2 na fora como as memórias de medo passam por esse processo.

De acordo com Estelle Barbier, umas das pesquisadoras que conduziu o estudo e professora na Universidade de Linköping, o aumento da atividade na rede entre o córtex pré-frontal e a amígdala também aumenta a reação ao medo.

“Mostramos que a diminuição regulada da PRDM2 aumenta a consolidação de memórias relacionadas ao medo”, explicou.

Além disso, os pesquisadores também identificaram os genes que são afetados quando os níveis de PRDM2 são reduzidos. Então, ficou comprovado o resultado do aumento da atividade das células nervosas que conectam os lobos frontais e a amígdala.

Se o aumento da proteína causa mais reações ao medo, o correto seria aumentá-la para nos deixar menos sensíveis aos traumas? Não exatamente.

Barbier afirmou que ainda não temos maneiras biológicas de aumentar PRDM2. “Entretanto, este mecanismo é só parte da explicação de por quê indivíduos são mais vulneráveis a condições relacionadas à ansiedade“, completou.

Até o momento, os cientistas da universidade sueca puderam concluir que algumas pessoas podem ter certa pré-disposição a desenvolver medos patológicos. Ademais, ainda é necessário fazer mais pesquisas.

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