Conheça Lia Medeiros, jovem brasileira que estuda em instituto frequentado por Einstein, nos EUA

Dentre os seus feitos, a brasileira de 35 anos lidera equipe que apresentou imagem aprimorada de buraco negro.

Assim com Bruna Marquezine, Morena Baccarin, Maria Fernanda Cândido e muitas outras brasileiras proeminentes, a cientista Lia Medeiros tem uma carreira internacional muito promissora.

A diferença é que ela não está nas telas de cinema, nem nas paradas de sucesso; ela está no mesmo instituto onde Albert Einstein trabalhou em seus últimos anos de vida!

Pudera, Lia não é cantora ou tampouco atriz. Ela é uma astrofísica que trabalha no Instituto de Estudos Avançados de Princeton. A jovem, de apenas 35 anos, liderou uma equipe que melhorou a primeira imagem feita de um buraco negro – tirada em 2019 e melhorada em 2023.

Você deve ter visto a imagem por aí: é um fundo preto com um círculo vermelho, branco e laranja.

Buraco negro registrado em 2019 e sua versão melhorada de 2023. (Foto: Medeiros et al. 2023/Acesso via revista Galileu)

Como fotografar um buraco negro?

Pode parecer tarefa simples, mas não é. Segundo a astrofísica, em entrevista à revista Galileu, não é apenas apontar uma câmera daqui da Terra para o buraco negro que está no espaço sideral.

“Para fazer a imagem desse jeito, com essa resolução de um celular, a gente teria que ter um telescópio literalmente do tamanho da Terra”, salientou Lia Medeiros.

Lia explicou que eles utilizaram uma técnica chamada interferometria, que funciona mais ou menos assim: “vários telescópios espalhados pelos planeta funcionam como um time de telescópios”. Dessa forma, olham para o buraco negro coletando dados ao mesmo tempo.

E como melhorá-la?

Medeiros explicou que os telescópios não coletam apenas imagens visíveis; eles também coletam informações de outras ondas eletromagnéticas. Isso tudo dá uma base para montar um “quebra-cabeças” e formar uma imagem.

Com a interferometria, cada telescópio coleta um pouco de informação. E, assim, os cientistas vão juntando cada pedacinho até formar uma imagem. “Mas não temos telescópios suficientes para entender tudo. Tem informação faltando”, pontuou a astrofísica. O que falta cria esse efeito borrado da foto acima.

A equipe da brasileira buscou, por meio de muita programação, uma maneira de trocar a foto mais nítida. E isso envolve muita lógica, muito cálculo e, principalmente, muita matemática. Nenhum problema para Lia até aí, já que ela sempre gostou de números.

Quem é Lia Medeiros, a brasileira que está onde Einstein pisou?

Carioca, Lia Medeiros acredita que a matemática é uma linguagem universal. E a paixão por ela veio do pai, professor de engenharia aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP). Então, podemos dizer que o caminho trilhado rumo à ciência foi “de berço”.

A jovem se apaixonou pela astrofísica nos últimos anos do Ensino Médio, cursados nos Estados Unidos. Como a língua era diferente, ela viu na matemática essa linguagem que é igual em todos os países.

“Para mim, é inspirador pensar que nós, humanos, podemos usar a matemática para entender o que está acontecendo no universo, fazer previsões”, ponderou.

Depois da escola, ela já entrou para a Universidade da Califórnia, onde graduou-se em física e astrofísica. De lá, mudou-se para outro campus da instituição de ensino, onde fez mestrado e doutorado.

Só depois entrou para o Instituto de Estudos Avançados de Princeton, do outro lado do país, com o objetivo de debruçar-se sobre a obra do físico alemão Albert Einstein.

“Grande parte do que fiz nos últimos anos foi focada em usar as imagens para testar a teoria de Einstein. Por exemplo, a gente usa o tamanho do círculo para testar se o buraco negro no espaço é consistente com o buraco negro específico previsto pela teoria”, disse.

E sabe de uma coisa? “Einstein ainda está certo”, sublinhou a brasileira.

Caminhada longa

Lia Medeiros e sua equipe ainda têm muito com o que trabalhar. Afinal de contas, ainda não entendemos como o universo realmente funciona. Também não temos muitas informações concretas sobre os buracos negros – que, aliás, estão no radar da astrofísica.

“Eu espero sempre aprender mais sobre buracos negros, sobre o que acontece com a matéria que está em volta deles, como eles crescem e como são afetados pela galáxia”, salientou Medeiros.

Ademais, essa brasileira brilhante gosta da inquietude. Para ela, “ciência tem que ser assim: cada resultado gera novas questões e novas direções para entender o que está acontecendo”.

você pode gostar também

Comentários estão fechados.