Conversa com os mortos? IA gera polêmica ao possibilitar a prática
Aplicativos não são novos, mas, nos últimos meses, ganharam mais notoriedade nos Estados Unidos.
A inteligência artificial (IA) se consolida como uma realidade cada vez mais presente em nossas vidas, permeando vários setores e trazendo consigo inovações notáveis.
Uma delas, no entanto, tem gerado acaloradas discussões: a possibilidade de “conversar” com pessoas que já faleceram.
Nos Estados Unidos, programas de IA foram desenvolvidos com esse propósito, permitindo que indivíduos interajam com seus entes queridos que já partiram.
A repercussão é imediata: como a tecnologia impacta o estado emocional das pessoas? Questões éticas e psicológicas surgem em torno dessa prática, abrindo espaço para um debate crucial.
IA possibilita conversa com mortos
Inteligência artificial gera debates éticos em torno da morte – Imagem: Pixabay/Reprodução
A ideia de conversar com pessoas falecidas por meio da IA não é recente. Em 2017, o StoryFile surgiu como o primeiro app do gênero, permitindo que os usuários criassem um “arquivo de histórias” para serem acessados no futuro. Em 2019, o HereAfter se juntou à lista, oferecendo um serviço similar com recursos aprimorados.
Nesses aplicativos, a proposta central é a criação de um avatar virtual da pessoa falecida, com quem o usuário pode interagir.
A partir de entrevistas gravadas em vida e da utilização de técnicas complexas de IA, os softwares simulam conversas, expressões e até a voz do ente querido.
O uso de tal tecnologia levanta questionamentos éticos e psicológicos de grande relevância. Especialistas divergem sobre o impacto emocional da prática, com alguns defendendo que, se utilizada com responsabilidade e consentimento da família, pode ser uma forma de lidar com o luto e preservar a memória do ente.
Por outro lado, outros alertam para os riscos de perpetuar a dor e o sofrimento, impedindo o processo natural de luto.
Afinal, a IA não substitui a presença real da pessoa falecida, e a simulação de uma conversa pode gerar expectativas inviáveis e aprofundar o sentimento de perda.
Aplicativos trazem memórias às pessoas
Tanto o StoryFile quanto o HereAfter se baseiam em entrevistas gravadas da pessoa falecida enquanto em vida.
Tais entrevistas são enriquecidas com fotos, vídeos e outros materiais que permitem reconstruir a história de vida do indivíduo.
A tecnologia de IA entra em cena para processar essas informações e criar um modelo virtual realista. Por meio de técnicas de reconhecimento facial e de voz, o software simula as expressões e a fala da pessoa falecida, gerando a sensação de uma conversa real.
Em 2023, a utilização da imagem e voz do ator Robin Williams, falecido em 2014, em uma entrevista realizada por IA, gerou forte comoção.
Sua filha, Zelda Williams, se manifestou publicamente contra o uso indevido da imagem do pai, ressaltando os aspectos éticos e emocionais que envolvem tal prática.
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