Demência precoce: 15 fatores de risco são revelados em estudo

Estudo com mais de 365 mil pessoas aponta os fatores de risco que levam ao desenvolvimento da demência precoce.

Normalmente associada ao avanço da idade, a demência também pode afligir os mais jovens, desafiando a percepção tradicional de que se trata de uma doença inevitável e ligada exclusivamente à genética. Um estudo, divulgado na revista Jama Neurology, identificou 15 fatores de risco para a demência precoce, aqueles que se manifestam antes dos 65 anos, trazendo esperança e abrindo portas para intervenções eficazes tanto no âmbito individual quanto coletivo.

A pesquisa, uma colaboração entre as universidades de Maastricht (Holanda) e Exeter (Reino Unido), acompanhou aproximadamente 365 mil indivíduos por mais de uma década. A análise detalhada dos dados coletados revelou que, ao contrário do que se pensava, a maioria dos fatores de risco para a demência precoce são modificáveis, ou seja, podem ser prevenidos ou atenuados por meio de mudanças no estilo de vida.

Entre os fatores de risco identificados, destacam-se:

  1. Baixa escolaridade: Menor acesso à educação formal aumenta o risco devido à menor reserva cognitiva.
  2. Baixo nível socioeconômico: Vinculado a privações que afetam a saúde cerebral, como acesso limitado à educação e cuidados de saúde.
  3. Diabetes: Alterações metabólicas e vasculares prejudicam as células cerebrais.
  4. Doença cardíaca: Afeta a circulação e pode aumentar o risco de demência.
  5. Acidente vascular cerebral (AVC): Lesões cerebrais decorrentes de AVC aumentam o risco.
  6. Pressão baixa ao levantar-se: Pode reduzir o fluxo sanguíneo para o cérebro, contribuindo para lesões cerebrais.
  7. Alcoolismo: O consumo excessivo de álcool é neurotóxico e aumenta o risco.
  8. Não consumo de álcool: Pode indicar problemas de saúde geral, quando o não consumo de bebidas está associado principalmente ao uso de medicamentos.
  9. Isolamento social: Menos interação social reduz estímulos para o cérebro, elevando o risco.
  10. Depressão: Associada a menor interação social e atividade cognitiva, aumentando o risco.
  11. Deficiência auditiva: Limita a estimulação cognitiva e a interação social.
  12. Força nas mãos reduzida: Indicador de menor reserva física e saúde geral, associado a maior risco.
  13. Deficiência de vitamina D: Níveis baixos estão ligados a maior risco de processos neurodegenerativos.
  14. Altos níveis de proteína C-reativa: Associados a processos inflamatórios e maior risco de eventos cardiovasculares.
  15. Portar variante específica do gene Apolipoproteína E (Apoe): A presença de alelos ε4 aumenta o risco de desenvolver demência precoce.

Esses resultados reforçam a importância de um olhar amplo e integrado sobre a saúde. A pesquisa também ressalta a significativa influência dos fatores genéticos, especialmente a presença da variante específica do gene Apolipoproteína E (Apoe), que, embora não determinem sozinhos a manifestação da doença, indicam uma predisposição aumentada. Esse achado sublinha a complexidade da demência e a necessidade de abordagens personalizadas para sua prevenção e tratamento.

Além disso, o estudo desenvolvido abre novas perspectivas para a redução do risco de demência precoce, mostrando que a intervenção em fatores modificáveis assim como atividades que estimulam o cérebro e, até mesmo, investimento em políticas públicas de saúde, emprego e educação podem ajudar a reduzir significativamente o problema.

você pode gostar também

Comentários estão fechados.