Descoberta sombria: túmulo de zumbi é encontrado na Alemanha
Túmulo de 4.200 anos revela antigas práticas contra o medo dos mortos-vivos.
No coração da Alemanha, perto do vilarejo de Oppin, arqueólogos desenterraram um túmulo que remonta a mais de 4.200 anos, um achado que revela práticas antigas e crenças profundamente enraizadas no medo dos mortos-vivos.
Conhecida como o “túmulo do zumbi”, essa descoberta fascinante nos transporta para a Idade do Bronze, oferecendo uma visão rara sobre as superstições e rituais dos nossos ancestrais.
O medo dos revenants
Em várias culturas antigas, havia a crença nos revenants, cadáveres que retornavam à vida para assombrar os vivos. Revenant vem do francês e significa aquele que retorna.
Esse medo ancestral é evidenciado pela maneira como alguns corpos eram enterrados, com precauções específicas para impedir seu retorno.
Na Saxônia-Anhalt, região onde o túmulo foi encontrado, o morto foi sepultado com um grande bloco de pedra sobre suas pernas, uma medida claramente destinada a mantê-lo preso ao solo.
O medo do ‘retorno’ dos mortos fazia com que os sepultamentos ocorressem de formas inusitadas. O túmulo descoberto tinha uma imensa pedra prendendo as pernas da pessoa que havia sido enterrada – Imagem: Anja Lochner-Rechta/State Office for Monument Preservation and Archaeology Saxony-Anhalt/Reprodução
A descoberta do túmulo
Durante escavações relacionadas à expansão da rede elétrica Südostlink, arqueólogos encontraram o túmulo de um homem, aparentemente com idade entre 40 e 60 anos, posicionado de forma peculiar.
Deitado sobre o lado esquerdo com as pernas dobradas, ele tinha uma enorme pedra, medindo cerca de um metro de comprimento e cinquenta centímetros de largura, pressionando a parte inferior de suas pernas. A presença dessa pedra sugere um esforço deliberado para evitar que ele retornasse à vida como um revenant.
A líder do projeto de escavação, Susanne Friederich, explicou que já na Idade da Pedra, as pessoas temiam que os mortos pudessem escapar de seus túmulos.
Segundo Susanne Friederich:
“Existem sepulturas onde o cadáver fica até de bruços. Naquela época, as pessoas acreditavam que os mortos às vezes tentavam se libertar de suas sepulturas. Se ele estiver de bruços, ele se enterra cada vez mais fundo, em vez de subir à superfície […] também há cadáveres deitados de bruços que também foram perfurados com uma lança, então ficaram praticamente fixados no chão.”
Preservação histórica
A descoberta foi realizada pelo Escritório de Estado para Preservação de Monumentos e Arqueologia da Saxônia-Anhalt.
Uwe Moos, um dos profissionais da escavação, destacou a importância do achado não apenas para entender as práticas funerárias, mas também para explorar as crenças e medos que moldaram as ações das pessoas na Idade do Bronze.
Esse túmulo é um dos primeiros exemplos de sepultamento revenant da cultura Bell Beaker na Alemanha central.
Embora esses achados sejam mais comuns na Idade Média, a descoberta em Oppin sugere que essas práticas podem ter raízes muito mais antigas.
Essa revelação não apenas adiciona uma nova camada de compreensão sobre a cultura Bell Beaker, mas também ilumina o quanto o medo dos mortos influenciou as práticas humanas.
O achado arqueológico não só fascina pela sua peculiaridade, mas também nos ajuda a entender melhor as complexidades das crenças humanas ao longo dos tempos.
Ao continuar a explorar esses antigos locais de sepultamento, arqueólogos esperam descobrir mais sobre como nossos ancestrais viviam, morriam e protegiam-se contra os terrores do além.
*Com informações de Aventuras na História e Newsweek.
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