Destruição de cidade bíblica ocorrida há 3 mil anos é confirmada por cientistas
O saque e destruição da cidade, que pertencia ao antigo reino filisteu, foi relatado no Segundo Livro dos Reis.
Um estudo publicado na PLOS ONE e de importância veiculada no IFLScience confirma mais um evento bíblico que até agora não tinha detalhes esclarecidos.
Trata-se da destruição da cidade de Gate, que ficava no antigo reino da Filístia, que foi saqueada e incendiada por Hazael, rei de Damasco, cerca de 3 mil anos antes de Cristo. Esse evento é narrado no Segundo Livro de Reis, no Antigo Testamento, e deve ter ocorrido por volta de 830 a.C., quando os reinos de Israel e Judá coexistiam.
Para chegar a essa conclusão, os especialistas analisaram tijolos de barro encontrados no sítio arqueológico de Tel es-Safi, referente à antiga Gate, utilizando uma técnica que capta resquícios do campo magnético da Terra em objetos.
Sítio arqueológico da antiga cidade de Gate, na atual Palestina. (Imagem: Tell es-Safi/Gath Archaeological Project, Bar-Ilan University/reprodução)
Gate foi destruída, como diz a Bíblia Sagrada
Antes da realização deste estudo, grande parte da comunidade científica não acreditava que a cidade de Gate havia sido destruída num incêndio, mas sim deteriorada com o tempo.
Estudos anteriores deram conta que os tijolos de barro presentes nas ruínas tinham de fato entrado em contato com uma grande fonte de calor. Porém, os cientistas acreditavam que esse calor adivinha de fornos usados na queima dos elementos estruturais.
O problema é que perto de 1000 a.C., quando muitas das paredes da antiga Gate foram erguidas, a tecnologia de fornos de tijolo ainda não era comum na região da atual Palestina. Essa técnica só veio chegar ao local com os romanos, por volta de 37 a.C. Antes disso, os tijolos eram moldados e postos para secar ao sol.
Para sanar as dúvidas de vez, o autor do estudo, Dr. Yoav Vaknin explicou que ao examinar os tijolos de Gate ele e sua equipe perceberam que as partículas de ferro contidas nos tijolos tinham se alinhado com o campo magnético da Terra, fato que só acontece mediante a exposição a altas temperaturas.
“A argila a partir da qual os tijolos foram feitos contém milhões de partículas ferromagnéticas – minerais com propriedades magnéticas que se comportam como tantas pequenas ‘bússolas’ ou ímãs. O aquecimento a 200°C ou mais, como acontece em um incêndio, libera os sinais magnéticos dessas partículas magnéticas e, estatisticamente, elas tendem a se alinhar com o campo magnético da Terra naquele momento e lugar específicos. Assim, um tijolo queimado atinge um campo magnético forte e uniformemente orientado, que pode ser medido com um magnetômetro. Isso é um indício claro de que o tijolo foi, de fato, queimado.”, explicou o professor.
Exemplar de tijolo estudado. (Imagem: Dr. Yoav Vaknin/reprodução)
Vaknin e outros cientistas envolvidos no experimento explicam ainda que quando são expostos a fornos os tijolos também apresentam magnetização. Porém, as assinaturas magnéticas são imprecisas e multidirecionais.
Por outro lado, quando uma leva de tijolos é usada para construir uma parede e depois essa parede é queimada, todos eles demonstram a mesma assinatura termomagnética, indicando que foram queimados todos juntos, como em um incêndio.
E foi justamente isso que os experimentos feitos pela equipe de Yoav Vaknin descobriram. Os tijolos de Gate eram todos “crus” e foram aquecidos e resfriados de uma única vez, muito provavelmente no incêndio citado no Antigo Testamento.
“Nossas descobertas significam que os tijolos queimaram e esfriaram no local, exatamente onde foram encontrados, ou seja, em uma conflagração na própria estrutura, que desabou em poucas horas. Se os tijolos tivessem sido queimados em um forno e depois colocados na parede, suas orientações magnéticas teriam sido aleatórias.”, endossou o autor do estudo.
* Com informações de IFLScience e PLOS ONE
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