Educação Financeira deve começar no Ensino Fundamental

É o que propõe o economista Fábio Giambiagi, especialista em Finanças Públicas

Educação financeira é sinônimo de cidadania. Com esse ‘mote’, o especialista em Finanças Públicas e Previdência Social, o economista Fábio Giambiagi tem liderado uma espécie de ‘cruzada’ nacional em favor da conscientização do brasileiro quanto à importância e necessidade de poupar.

Professor universitário, membro do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e, desde 1984, integrante do quadro permanente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Giambiagi, tem disponibilizado, de forma gratuita, simuladores, para atrair o interesse do público para a matéria, por meio da plataforma Longevprev.

A primeira assertiva do mestre, na verdade, é uma constatação: economizar é difícil para a maioria, sobretudo no final do mês, quando se aproximam os vencimentos de contas e boletos, isso sem contar a situação dramática, hoje vivida por milhões que não dispõem, sequer, de um emprego formal. Tais exemplos, porém, não excluem casos de pessoas humildes capazes de erguer um sólido patrimônio, enquanto outras, bem mais abastadas, perdem tudo o que têm.

Durante sua participação, na semana passada, no XVI Fórum Bradesco de Longevidade, o especialista defendeu a tese de que a educação financeira é uma disciplina que já deveria estar presente nas escolas de Ensino Fundamental, tendo em vista ‘sepultar’ a visão distorcida, segundo a qual seria viável manter, sem formação de poupança, o padrão de vida anterior à aposentadoria. Em outras palavras, ele explica que “não será nada fácil complementar o orçamento fazendo bicos”.

Nesse sentido, Giambiagi esclarece: “Devemos considerar que não haverá trabalho disponível para essa faixa etária, outros estarão disputando o mesmo espaço no mercado. Ou fazemos um esforço enorme para mudar essa mentalidade, ou haverá uma pressão crescente por recursos públicos adicionais”.

Como argumento, o economista recorre à estatística. Enquanto que, no ano de 2000, 30,2% da população tinham entre 0 e 14 anos; 61,3% estavam na faixa entre 15 e 59 anos; e apenas 8,5% acima dos 60. Em 2040, o quadro terá outro perfil: serão 16,8% entre 0 e 14 anos; 59,7% entre 15 e 59; e 23,5% acima dos 60. Ante essa mudança brusca na composição populacional do país, o especialista classificou como ‘imediatista’ a criação do MEI (microempreendedor individual), “cujo objetivo maior, de formar poupança ao longo da vida, não foi alcançado“.

A respeito do perfil comportamental das pessoas em relação ao ato de poupar, o economista do BNDES observa que “as pessoas poupam o mínimo sem se dar conta de que o retorno desse capital será baixo. O esforço de poupança tem que começar entre os 25 e 30 anos, porque o tempo é o melhor aliado. Quem deixar para os 40 anos, vai ter que continuar economizando até os 70, ou aumentar muito a contribuição. É preciso entender que educação financeira é cidadania. Quando informadas, elas mudam sua visão”, arrematou.

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